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Ativistas denunciam agressão discriminatória no Bairro Alto

há 12 horas

Beatriz Teodósio e Fred Botta, da Sociedade das Primas, apresentaram queixa após serem atacados por um grupo de rapazes em Lisboa, pedindo um espaço seguro para todos.

Ativistas denunciam agressão discriminatória no Bairro Alto

Duas ativistas e artistas da associação cultural Sociedade das Primas, Beatriz Teodósio e Fred Botta, formularam uma queixa contra um grupo de rapazes que as agrediu verbal e fisicamente no Bairro Alto, em Lisboa, na noite do último sábado. O registo foi feito na Polícia de Segurança Pública (PSP) na quarta-feira, após terem relatado o ocorrido a um agente da Polícia Municipal presente na Rua da Rosa, onde o incidente teve lugar.

Beatriz e Fred, que seguiam “tranquilas” para casa depois de assistirem a eventos culturais, foram confrontados com insultos e ameaças, incluindo a frase "Devias morrer", dirigida a Fred, que se identifica como 'queer'. A situação escalou, levando Beatriz a reagir com água, o que resultou numa retaliação com uma cerveja lançada em sua direção.

Em resposta aos insultos, ambos começaram a entoar "25 de Abril", ao que os rapazes reagiram chamando "Salazar". Apesar da presença de numerosas testemunhas, nenhuma interveio para ajudar. “Todos continuaram com as suas cervejas e cigarros”, comentaram as ativistas numa publicação na página de Instagram da Sociedade das Primas.

Mais adiante, abordaram um polícia para relatar o incidente e este acompanhou-as até ao grupo de agressores para a respetiva identificação. Depois de identificarem os rapazes, Beatriz e Fred seguiram para um bar onde se sentiam em segurança. Contudo, o grupo de agressores apareceu mais tarde, desta vez acompanhado de mais amigos, exigindo “justificações” pela queixa apresentada, numa atmosfera intimidante com referências à extrema-direita e aos acontecimentos no Largo de São Domingos no 25 de Abril.

Sendo cercados por um clima ameaçador, Beatriz e Fred encontraram apoio entre os frequentadores do bar, que ajudaram a afastar os rapazes. “Sentimo-nos forçados a ir de carro para casa, pois não nos sentíamos seguros a pé. É inimaginável termos medo de atravessar duas ruas no dia seguinte ao 25 de Abril”, desabafou Beatriz, sentindo que a sua liberdade foi comprometida.

No Instagram, as artistas relataram que foram "agredidas com ódio e violência na rua", reivindicando o direito de andar nas ruas sem medo. A publicação gerou uma onda de solidariedade com centenas de mensagens de apoio, algo que Beatriz considerou um retorno "muito acolhedor".

Beatriz e Fred enfatizaram que este tipo de violência provém de um lugar de impunidade, onde agressões a pessoas diferentes são vistas como aceitáveis. Por fim, elas destacam a importância de discutir como estas situações ocorrem diariamente e como cada vez mais jovens se sentem justificados em atacar aqueles que não se enquadram nos seus padrões.

A Lusa tentou obter uma resposta da PSP sobre o incidente e outros casos semelhantes, mas até agora não recebeu qualquer informação.

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#LiberdadeSemMedo #QuebrarOMSilêncio #ResistênciaCultural