Assembleia da República presta homenagem a Eduardo Gageiro, ícone da fotografia e da liberdade
O Parlamento aprovou um voto de pesar pela morte do fotojornalista Eduardo Gageiro, reconhecendo a sua obra como um potente símbolo de esperança e resistência.

A Assembleia da República manifestou, hoje, de forma unânime, o seu pesar pela morte do reconhecido fotojornalista Eduardo Gageiro, através de um voto apresentado pelo PCP e pelo BE. Os presentes nas galerias do parlamento, familiares e amigos de Gageiro, puderam ouvir as memórias evocadas sobre o seu legado como "um símbolo de esperança, liberdade e resistência".
Eduardo Gageiro, que nos deixou aos 90 anos, numa triste data em Lisboa, é considerado um dos mais prolíficos fotógrafos portugueses, com uma carreira que se destacou pela abordagem humanista e pelo registo autêntico de diferentes realidades sociais. O texto do voto sublinha que a sua primeira foto foi publicada em 1947, na capa do Diário de Notícias, quando apenas tinha 12 anos e trabalhava como empregado numa fábrica.
Após este início promissor, Gageiro consolidou a sua carreira como fotojornalista no Diário Ilustrado em 1957 e passou por várias publicações de renome, incluindo O Século Ilustrado e a Associated Press. A sua dedicação à luta pela democracia, especialmente durante a resistência à ditadura fascista, resultou em múltiplas detenções pela PIDE, enquanto os seus retratos da vida quotidiana projetavam a dor e a esperança do povo português.
O PCP e o BE destacam que as imagens capturadas por Gageiro durante o 25 de Abril de 1974 são documentos de indiscutível valor histórico, ilustrando momentos emblemáticos como o encontro dos militares no Terreiro do Paço e o assalto à sede da PIDE. Estas fotografias transcenderam fronteiras, tornando-se um símbolo duradouro da luta por liberdade e da inauguração da democracia em Portugal.
A sua notável carreira foi reconhecida com diversas condecorações, incluindo o grau de comendador da Ordem do Infante D. Henrique em Portugal e o de cavaleiro da Ordem de Leopoldo II na Bélgica. Além disso, em 1975, Gageiro conquistou o segundo prémio individual do World Press Photo, destacando-se internacionalmente.
O voto da Assembleia da República expressa sentidas condolências aos familiares, amigos e colegas de profissão de Eduardo Gageiro, sublinhando a sua importância e a marca indelével que deixou na fotografia e na sociedade portuguesa.