País

Ameaça da língua azul renasce no Alentejo com o aquecimento primaveril

há 4 horas

O aumento das temperaturas tem preocupado criadores de ovinos no Alentejo, que confiam nas vacinas, mas manifestam receio sobre novas variantes da doença.

Ameaça da língua azul renasce no Alentejo com o aquecimento primaveril

A Ovibeja, feira agropecuária que decorre em Beja até domingo, atrai um vasto público de criadores de gado, técnicos e dirigentes do sector, proporcionando um espaço para debater a atual situação da pecuária.

No pavilhão dedicado à pecuária, Luís Campos, proprietário de uma exploração em Monforte, no distrito de Portalegre, revelou à Lusa que vacinou, em março, os seus 250 ovinos contra o novo serotipo 3 da febre catarral ovina, a doença da língua azul, que emergiu em Portugal em 2024.

“Espero que isso me ofereça alguma defesa, pois desconfio que a língua azul irá ressurgir com força, especialmente devido às chuvas do inverno e primavera,” comentou, mencionando que investiu 1.200 euros na vacinação.

Luís admitiu que muitos criadores ainda não vacinaram os seus animais contra o serotipo 3, uma situação que atribui a questões financeiras, dado que “o custo da vacina recai inteiramente sobre o criador”, em contraste com as vacinas gratuitas disponíveis para os serotipos 1 e 4.

Ele assegurou que, apesar da proteção proporcionada pela vacinação, o risco não se extingue: “Se o serotipo 8, que já se encontra em Espanha, surgir, estaremos de volta ao início,” alertou.

Por outro lado, Miguel Madeira, criador de 2.400 ovinos da raça campaniça em Mértola, planeia vacinar em breve contra os três serotipos, acreditando que esta é a melhor forma de resguardar o seu rebanho.

“Embora não exista uma vacina que garanta proteção total, os animais vacinados têm uma probabilidade significativamente menor de adoecer gravemente,” destacou ele.

Miguel também expressou preocupação com a possibilidade do serotipo 8, que se manifestou no ano anterior em Nisa, e enfatizou a necessidade de vigilância: “Precisamos de estar atentos e prontos para agir caso o 8 continue a proliferar.”

Com a experiência do passado, ele confia que, se os efetivos forem devidamente vacinados, os índices de mortes e abortos poderão ser drasticamente reduzidos.

Por outro lado, Miguel Sena Esteves, também de Monforte, revelou que evitou complicações no ano passado ao não vacinar contra o serotipo 3 e optar pela desinfeção dos animais e das instalações. Este ano, pretende repetir essa estratégia.

“Instalámos um sistema de rega para pulverizar 70 animais de cada vez, o que tem funcionado como um repelente eficaz,” lembrou ele.

No entanto, Miguel expressou receio quanto à vacinação contra o serotipo 3, devido à sua novidade e possíveis efeitos secundários, como abortos, além da incapacidade de proteger contra outras variantes.

“Nunca estaremos completamente seguros contra todos os serotipos, por isso, a prioridade recai em implementar métodos eficazes para repelir o mosquito,” concluiu.

O serotipo 3 do vírus que provoca esta doença é transmitido através de insetos, afetando predominantemente os ovinos, e foi identificado pela primeira vez em setembro de 2024 no distrito de Évora, espalhando-se rapidamente, resultando na morte de milhares de animais.

Tags:
#LínguaAzul #AgriculturaSustentável #SaúdeAnimal