Alarmante Perspectiva sobre Incêndios: Zero Prepara-se para Tragedias Futuras
A Zero alerta que a falta de mudanças na gestão territorial poderá provocar mais tragédias nos incêndios rurais, destacando a importância de políticas públicas eficazes.

A associação ambientalista Zero expressou hoje a sua preocupação de que, "sem um esforço coletivo real para alterar comportamentos e gerir eficazmente o território", possa haver uma repetição de "tragédias humanas" causadas por incêndios rurais. Este aviso surge no contexto do reforço das operações de combate aos incêndios florestais, com a entrada em vigor do nível "Delta".
O comunicado da associação critica o relatório da Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF), apresentado na semana passada à Assembleia da República e ao Governo, e apela à necessidade urgente de uma reorientação nas políticas públicas.
A Zero identifica várias "áreas críticas", incluindo a ausência de iniciativas eficazes para a remuneração dos serviços dos ecossistemas, o incumprimento das metas de controle de incêndios e a falta de uma estratégia de financiamento coerente. A associação observa que a gestão dos incêndios rurais carece de peso político no governo atual, o que impede a necessária articulação para otimizar os investimentos do Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais (SGIFR), que representa um investimento de 638 milhões de euros.
A mudança estrutural, segundo a Zero, está "em perigo", com as metas para 2030 a parecerem cada vez mais inatingíveis.
O aumento da área ardida em 2024, quatro vezes superior ao de 2023, é também uma das razões para a preocupação da associação. O incêndio criminoso, que no ano passado causou 84% da área ardida, e os lamentos por 16 vidas perdidas devido a incêndios exacerbam a gravidade da situação.
A análise da Zero ao relatório da AGIF revela aspetos alarmantes: embora tenha havido uma diminuição no número total de ignições, o incêndio criminoso continua a ser uma questão premente, com um aumento significativo na área afetada. Vítimas mortais associadas a incêndios voltaram a ser registadas.
A associação denuncia ainda que o Plano Nacional de Gestão Integrada de Fogos Rurais (PNGIFR) apresenta um andamento insatisfatório, com apenas 48% de implementação e 25% das iniciativas ainda por concretizar.
A falta de ações concretas para lidar com comportamentos incendiários é igualmente criticada, uma vez que a AGIF apenas sugere fortalecer a ação policial e judicial. A Zero defende que, em vez de focar exclusivamente no combate a incêndios, seria mais eficaz investir em iniciativas sociais e de saúde mental, como a criação de equipas multidisciplinares de reinserção, para enfrentar as causas subjacentes do problema.