Nos últimos dois anos, a Adega de Borba produziu 17 milhões de litros de vinho, com 80% das vendas dirigidas ao mercado nacional, destacou o presidente da cooperativa.
Durante os últimos dois anos, a Adega Cooperativa de Borba, localizada no distrito de Évora, registou uma produção "acima da média", totalizando quase 17 milhões de litros de vinho, dos quais 80% foram comercializados no mercado nacional. A informação foi partilhada pelo presidente da instituição, João Mota Barroso, em declarações à agência Lusa.
O responsável frisou que, em anos normais, a adega processa entre 15 a 16 milhões de quilos de uva, resultando na produção de cerca de 12 a 13 milhões de litros de vinho. No entanto, durante a campanha de 2024, a Adega de Borba recebeu aproximadamente 19 milhões de quilos de uva, o que possibilita uma produção entre 16 e 17 milhões de litros. Este aumento na quantidade já era uma tendência observada no ano anterior.
"2023 foi um ano excecional, assim como o corrente", enfatizou João Mota Barroso, mencionando que a qualidade dos vinhos "nunca é questionada". O presidente salientou que, apesar de haver diversas qualidades de vinho devido à diversidade de produtores, as cooperativas mantêm sempre uma qualidade média elevada.
Com uma faturação que rondou entre 15 a 16 milhões de euros no ano passado, a cooperativa destina cerca de 80% da sua produção ao mercado interno e exporta os restantes 20%. "Os nossos principais mercados incluem Brasil, Estados Unidos e França, embora atendamos cerca de 30 mercados internacionais", revelou.
João Mota Barroso fez estas declarações na sequência de uma conferência promovida pela Adega Cooperativa de Borba, onde se discutiram as especificidades da organização cooperativa e os desafios enfrentados pelo Alentejo na valorização da sua Denominação de Origem. O evento foi uma das comemorações do septuagésimo aniversário da adega.
A instituição, que nasceu em 1955, foi criada como parte de um esforço do Estado Novo para organizar o setor vitivinícola e promover a produção em condições favoráveis, substituindo um modelo baseado em intermediários comerciantes. "O objetivo era agrupar a produção e assegurar que os viticultores tivessem garantias de uma distribuição justa dos valores referentes ao seu trabalho", explicou.
Ao longo de três ou quatro décadas, as adegas foram moldando o seu percurso, enfrentando sucessos e dificuldades. No entanto, atualmente, "o vinho transcende apenas a questão técnica, incorporando outros aspetos de valor, como a sua origem e a história associada", acrescentou o presidente.
Por conseguinte, João Mota Barroso acredita que o futuro das cooperativas depende da capacidade de comunicação e da eficiência em despertar o interesse dos consumidores, especialmente em comparação com os produtores privados. "Os consumidores muitas vezes não reconhecem o valor do que as cooperativas oferecem, subestimando a sua origem, quando, na verdade, a qualidade do vinho pode ser idêntica à de vinhos de produtores privados. As cooperativas devem enfrentar esse desafio", concluiu.
A Adega de Borba conta atualmente com 230 viticultores associados que cultivam cerca de 2.200 hectares de vinhedos, com uma distribuição de 75% de castas tintas e 25% de castas brancas.