A Prevenção dos Incêndios: Um Tema Ignorado
Eduardo Cabrita critica o abandono da prevenção de incêndios nos últimos anos e insiste na necessidade de um debate contínuo sobre a questão, não apenas no verão.
O ex-ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, alertou para a importância de discutir o tema dos incêndios de forma consistente ao longo do ano, e não apenas durante o período crítico do verão. Em declarações à SIC Notícias, Cabrita enfatizou que, após os trágicos incêndios de 2017, a prevenção tem sido "totalmente abandonada".
O antigo membro do Governo de António Costa sublinhou a relevância de abordar os incêndios em meses como janeiro ou fevereiro e destacou "três dimensões fundamentais" que merecem a devida atenção. Segundo ele, a primeira é a dimensão do combate, onde devemos manifestar solidariedade com os operacionais que enfrentam as chamas. A segunda é a prevenção, que teve uma falta de foco nos últimos dois anos, o que se reflete nos altos índices de área ardida.
"Desde 2017, vivemos os dois anos com maior área queimadas, resultantes do desinteresse pela prevenção", afirmou Cabrita, referindo-se à falta de programas ativos, como o "Aldeia Segura", que promovem a segurança das comunidades. A última dimensão referida foi a "dimensão estrutural", que implica um reordenamento da floresta e uma revisão das estruturas de propriedade, especialmente nas regiões Norte e Centro do país.
Paralelamente, o secretário de Estado da Proteção Civil, Rui Rocha, reconheceu que pode ter havido momentos de "descoordenação momentânea" nas operações de combate aos incêndios, apontando a velocidade da propagação do fogo como um fator desafiador.
Até à data, 2024 já registou mais de 172 mil hectares consumidos por incêndios rurais, com uma área ardida que excedeu o total do ano passado. Além do impacto devastador do fogo, já ocorreram duas vítimas mortais este ano, incluindo um ex-autarca e um bombeiro.