A Crítica de Sócrates à Subserviência Europeia a Trump
José Sócrates classifica a cimeira da NATO como um "espetáculo de vassalagem" a Trump, apontando que apenas Pedro Sánchez se destacou com dignidade nesta reunião.

O ex-primeiro-ministro português José Sócrates não poupou críticas à recente cimeira da NATO, realizada em Haia, a qual descreveu como um "patético espetáculo de vassalagem" em relação ao presidente Donald Trump. No seu artigo, intitulado "a cimeira da servidão voluntária", publicado no ICL Notícias, em São Paulo, Sócrates destaca que a Europa se sujeitou a todos os caprichos de Trump, incluindo um aumento sem precedentes dos gastos em defesa para 5% do Produto Interno Bruto.
Segundo o antigo líder socialista, esta decisão não só desencadeia uma nova corrida armamentista no continente, como também reflete um profundo desprezo pela dignidade europeia. “O pior não foi apenas o conteúdo das decisões, mas o clima de subserviência que predominou”, lamenta.
Sócrates dirige críticas particularmente ao secretário-geral da NATO, Mark Rutte, a quem acusa de seguir servilmente as ordens de Trump, afirmando que “ele trata o presidente americano como o 'paizinho do mundo', enquanto os demais países são apenas crianças a quem se deve guiar.”
Para Sócrates, a cimeira é um sinal alarmante do declínio da Europa como ato político e um reflexo da sua perda de respeito por si mesma. “Foi a cimeira da servidão voluntária, algo que evoca um famoso ensaio europeu sobre a humilhação. Aqueles que acreditam que bajular Trump trará benefícios à Europa apenas acrescentam estultícia à humilhação”, afirma.
O ex-primeiro-ministro critica ainda o raciocínio que encoraja a subserviência, sublinhando que “quem se humilha só pode esperar ser maltratado”. Para ele, essa postura ignora a natureza da cultura americana, que despreza a vassalagem, e sugere que a imagem da Europa no evento foi de uma potência que perdeu o respeito pelo seu legado.
Na sua análise, o único que se destacou pela dignidade foi o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, cuja postura foi applaudida por Sócrates. “Enquanto alguns criticam a Espanha por se isolar, eu vejo nesse isolamento uma extraordinária beleza. Olé!”, conclui.