Com uma concorrência implacável, Xpeng afirma que apenas os mais fortes sobreviverão num mercado dominado pela inovação e pela mobilidade elétrica.
Num panorama de rivalidade intensa, o presidente da Xpeng, Brian Gu, alertou hoje para o facto de que a disputa entre os fabricantes automóveis na China poderá deixar “vítimas”, numa declaração feita na véspera da abertura do Salão Automóvel de Xangai, onde a marca exibe as suas novas versões de veículos.
“O setor tornou-se extremamente competitivo. Antes era uma dúzia de actores; logo, apenas cinco ou sete dominarão a maior parte do mercado”, referiu Brian Gu, realçando que os critérios para a sobrevivência incluem não só o volume de produção e a qualidade de fabrico, mas também a inteligência artificial e o desenvolvimento dos softwares, essenciais para a mobilidade da próxima década.
No salão, a Xpeng posiciona-se estrategicamente junto do ‘gigante’ europeu Volkswagen, que tem vindo a ver a sua quota de mercado ser desafiada pelos produtores locais. Esta colaboração entre Volkswagen e Xpeng já rendeu frutos, com o anúncio de dois novos modelos, cuja estreia oficial na China está prevista para o próximo ano. Brian Gu sublinhou o esforço que tais mudanças exigem, enfatizando que “juntos podemos moldar o futuro da mobilidade”.
Importante também o investimento da Volkswagen, que adquiriu, em 2023, uma participação de 4,99% na Xpeng, utilizando 630 milhões de euros.
O governo chinês tem incentivado a renovação da frota através de subsídios, resultando num aumento de 40% nas vendas de veículos elétricos e híbridos no ano passado. Em 2024, o mercado chinês registou a venda de 31,4 milhões de veículos (incluindo autocarros e camiões), um crescimento de 4,5% em relação ao ano anterior. Estas dinâmicas têm impulsionado a ascensão de marcas locais, desafiando décadas de domínio das construtoras alemãs, japonesas e norte-americanas.
Segundo estimativas do UBS, até 2030, três de cada cinco veículos vendidos em território chinês serão elétricos. A forte presença chinesa estende-se ainda à indústria das baterias, com a CATL e a BYD a liderarem a produção mundial, enquanto Pequim mantém um rigoroso controlo sobre as matérias-primas essenciais.
Apesar deste cenário promissor, a excessiva capacidade produtiva e a sustentabilidade financeira são desafios, dado que mais de 60% dos fabricantes de veículos elétricos na China comercializam menos de 10.000 unidades por ano. Apenas a norte-americana Tesla e a própria BYD têm conseguido manter a lucratividade, cenário que poderá acelerar uma eventual consolidação do setor.