Ventura reafirma posição do Chega sobre o Governo

André Ventura, presidente do Chega, negou categoricamente ter dado "carta branca" ao Governo, sublinhando que o seu partido espera ações concretas sobre impostos e imigração. "Quero avisar o primeiro-ministro que o que ocorreu hoje não significa luz verde para futuras decisões", afirmou, em Loures, durante a apresentação da candidatura do deputado Bruno Nunes à presidência da Câmara Municipal.

O líder do Chega frisou que o seu partido deseja um futuro melhor para a população, sem se deixar influenciar por estratégia política. "Estamos a entrar numa nova fase onde o tempo das manobras de bastidores chegou ao fim", declarou. Ventura sustentou a sua decisão de apoiar a redução do IRS proposta pelo Governo, afirmando que é uma medida que considera válida.

"Não estamos a colaborar com o Governo; simplesmente demonstramos o que é efetivamente necessário para o país. Hoje, fizemos a diferença e mostramos que é possível priorizar as pessoas acima de interesses políticos", realçou Ventura.

Ele também lembrou que durante a campanha das últimas eleições legislativas defendeu a baixa de impostos e a limitação da imigração, pelo que considerou inevitável o apoio à proposta do Governo. "O nosso papel é fazer sentir que o Parlamento está a trabalhar pelo bem do país, e é para isso que somos pagos", concluiu.

A proposta do Governo de reduzir as taxas do IRS em 500 milhões de euros foi aprovada na generalidade, contando com os votos favoráveis do PSD, CDS-PP, Chega, IL, PAN e JPP, com a abstenção do PS. O Chega tinha também um projeto de lei para uma redução mais significativa do IRS nos escalões 2.º a 5.º, mas retirou-o da votação após um compromisso do PSD de incluir essa medida no orçamento futuro.

Quanto às iniciativas do Governo sobre nacionalidade e imigração, estas avançaram para a fase de especialidade sem votação na generalidade, tal como os projetos de lei do Chega nas mesmas áreas.