Venezuela recebe 201 deportados dos EUA em novo voo de repatriamento

O Governo da Venezuela anunciou, no último sábado, a chegada de 201 migrantes venezuelanos que foram deportados pelos Estados Unidos. O voo, que partiu do estado do Texas, aterrissou no Aeroporto Internacional Simón Bolívar, situado em Maiquetía, ao norte de Caracas, sem realizar escalas, conforme informou o Ministério do Interior, Justiça e Paz (MIJP).

Na sequência da verificação pela polícia de imigração, as autoridades receberam 159 homens, 26 mulheres e 16 crianças, de acordo com o ministério, que comunicou a informação através da plataforma de mensagens Telegram.

Esta repatriação insere-se no programa 'Gran Misión Plan Vuelta a la Patria', uma iniciativa do Governo liderado por Nicolás Maduro, cujo objetivo é facilitar o regresso dos cidadãos venezuelanos ao seu país de origem.

As autoridades referiram que este é o terceiro voo de repatriamento da semana, após a recepção de 324 migrantes deportados do México na quinta-feira passada, que tentavam entrar nos Estados Unidos. Nesse voo, operado pela companhia aérea estatal Conviasa, viajavam 140 crianças, 101 mulheres e 83 homens, conforme noticiado pelo MIJP através da rede social Instagram.

A imprensa local destacou que muitos desses migrantes conseguiram atravessar a perigosa selva do Darién, que separa a Colômbia e o Panamá, antes de percorrerem a América Central e chegarem à fronteira norte do México, onde foram intercetados pelas autoridades norte-americanas.

Na quarta-feira, mais de 200 venezuelanos haviam também sido deportados dos Estados Unidos, num voo anterior.

Em janeiro, Washington e Caracas chegaram a um entendimento sobre a retomada dos voos de repatriamento de venezuelanos deportados, após uma visita do enviado especial do então Presidente norte-americano, Donald Trump, a Caracas.

Desde então, as autoridades venezuelanas informaram que foram realizados 42 voos de repatriamento, permitindo o regresso de mais de sete mil cidadãos que desejam reconstruir o seu futuro junto das suas famílias, conforme explicou o MIJP na quinta-feira.

No mesmo dia, manifestantes lotaram as ruas de Caracas, clamando pela liberdade de 22 crianças que as autoridades venezuelanas acusam de estarem sequestradas pelo Governo dos Estados Unidos, assim como exigindo a libertação de centenas de compatriotas deportados que se encontram numa prisão de alta segurança em El Salvador desde 15 de março, sem acesso a defesa legal ou devido processo.

O Governo da Venezuela tem reiterado a sua condenação à política de deportação e perseguição a migrantes por parte dos EUA, com Nicolás Maduro a caracterizar a migração venezuelana como "económica, de pessoas decentes e trabalhadoras", criticando as autoridades norte-americanas que categorizam os migrantes como membros de grupos de crime organizado.