Política

Valores da Revolução e do Papa despertam críticas ao adiamento do 25 de Abril

há 3 dias

Lideranças de esquerda condenam a decisão do Governo de postergar as celebrações do 25 de Abril, realçando que os princípios democráticos da Revolução ecoam os ensinamentos do Papa Francisco.

Valores da Revolução e do Papa despertam críticas ao adiamento do 25 de Abril

Após uma cerimónia solene que marcou os 51 anos da Revolução dos Cravos e o cinquentenário das primeiras eleições livres, várias vozes da esquerda criticaram a decisão governamental de adiar os festejos do 25 de Abril, motivada pelo luto nacional decorrente do falecimento do Papa.

A líder parlamentar do PS, Alexandra Leitão, ressaltou a importância de enaltecer os valores universais que marcaram aquela data histórica – democracia, liberdade, igualdade, mas também solidariedade, paz e tolerância. "Estes são os valores que o Papa Francisco defendeu com tanta veemência; celebrar o 25 de Abril é, portanto, renovar o compromisso com ideais intemporais", declarou.

A candidata do PS à Câmara de Lisboa sublinhou que a data simboliza, para além da Revolução, os 50 anos das primeiras eleições verdadeiramente democráticas que permitiram a participação de todos os cidadãos. Convidou ainda a população a se juntar ao desfile popular na Avenida da Liberdade, insistindo que a comemoração não pode ser marcada por adiamentos.

A coordenadora do BE, Mariana Mortágua, afirmou que não há contradição entre honrar a memória do Papa e celebrar a liberdade e a democracia. "O discurso do Presidente da República e as críticas ao Governo deixam claro que celebrar o 25 de Abril não é algo facultativo. Evocar a grande ideia de igualdade – especialmente num contexto internacional tão conturbado – é fundamental", defendeu.

O porta-voz do Livre, Rui Tavares, destacou que as várias referências ao Papa na sessão chegaram ao coração de muitos, realçando o seu papel enquanto liderança moral, espiritual e cívica. "Certamente, o Papa Francisco gostaria de ver a celebração da liberdade num ambiente que une respeito e superação das dores da sua partida", afirmou.

Por sua vez, o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, recordou que o 25 de Abril abriu um caminho de esperança e conquistas, como a criação do Serviço Nacional de Saúde, um salário mínimo nacional e a ampliação dos direitos dos trabalhadores. "Hoje, 51 anos depois, é imprescindível retomar esse percurso para responder às necessidades da maioria e pôr fim a políticas que servem apenas uma minoria", concluiu.

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