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Universidade do Minho avança na luta contra candidíase invasiva com nova vacina

UMinho anunciou o sucesso de testes pré-clínicos de uma vacina contra candidíase invasiva, visando proteger pacientes imunocomprometidos.

há 4 horas
Universidade do Minho avança na luta contra candidíase invasiva com nova vacina

A Universidade do Minho (UMinho) fez um anúncio significativo ao revelar que uma vacina experimental contra a candidíase invasiva foi testada com êxito em animais. Esta infeção fúngica, que pode ser fatal para indivíduos com sistemas imunitários comprometidos, como aqueles que recebem tratamentos de quimioterapia ou que estiveram submetidos a transplantes, está agora a ser alvo de uma solução promissora.

De acordo com um comunicado oficial, os ensaios pré-clínicos mostraram que os animais que receberam a vacina apresentaram sintomas reduzidos, uma taxa de sobrevivência melhorada e um estado geral de saúde superior após serem expostos à infeção.

A equipa de investigação da Escola de Ciências da UMinho, liderada pela investigadora Paula Sampaio, está agora pronta para proceder com testes clínicos em seres humanos, com o objetivo de avaliar tanto a segurança quanto a eficácia da vacina.

O projeto teve início há uma década nos laboratórios de Braga, onde, após múltiplas tentativas, foi desenvolvida uma nanopartícula esférica de gordura, conhecida como lipossoma, que transporta e apresenta duas proteínas do fungo 'Candida albicans' ao sistema imunitário humano. Este sistema, por sua vez, reconhece estas proteínas e ativa uma resposta contra o fungo quando este se manifesta novamente.

Segundo Paula Sampaio, "estas infeções são frequentemente difíceis de diagnosticar precocemente e de tratar, em parte devido à toxicidade e resistência aos antifúngicos. Contudo, a nossa vacina experimental demonstrou a capacidade de estimular o sistema imunitário a identificar e a combater o fungo".

A investigadora expressa a esperança de que esta vacina possa contribuir para uma redução da mortalidade, do tempo de internamento e dos custos associados, representando assim um avanço significativo na proteção de pacientes vulneráveis.

Os resultados desta investigação foram publicados na revista científica "npj Vaccines", pertencente ao grupo Nature.

As infeções por fungos da espécie "Candida" são frequentemente observadas em áreas como os genitais, pregas da pele, unhas, boca e sistema digestivo. No entanto, em pessoas com imunidade debilitada, o fungo pode invadir a corrente sanguínea, afetando órgãos internos e levando à candidíase invasiva.

Anualmente, cerca de 1,5 milhões de pessoas são afetadas por candidíase invasiva, das quais aproximadamente um milhão, ou seja, 63%, vêm a falecer em consequência da doença. Embora as infeções fúngicas sejam frequentemente menos discutidas do que as causadas por vírus ou bactérias, estas estão a tornar-se cada vez mais comuns, principalmente em contextos como o da pandemia de Covid-19.

A Organização Mundial da Saúde destacou o 'Candida albicans' como um dos fungos cuja pesquisa científica e médica necessita de uma atenção urgente.

Paula Sampaio enfatiza que a candidíase é uma infeção "oportunista", frequentemente confundida com outras doenças, o que pode complicar o diagnóstico e diminuir a conscientização pública sobre a sua seriedade.

Adicionalmente, a investigadora aponta que "a falta de campanhas de sensibilização e o nível reduzido de conhecimento acerca das infeções fúngicas levam a que estas sejam frequentemente subestimadas nas discussões sobre saúde pública. Para além de diagnósticos eficazes, precisamos urgentemente de terapias que ajudem a reduzir a taxa de mortalidade".

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