Economia

Uma em cada três pessoas em Portugal enfrenta o calor nas suas casas

Quase 38% da população portuguesa vive em habitações que não garantem um ambiente fresco no verão, destacando a necessidade urgente de combater a pobreza energética, segundo a ENCP.

27/06/2025 13:21
Uma em cada três pessoas em Portugal enfrenta o calor nas suas casas

No âmbito do evento "Combater a Pobreza Energética: Conhecimento, Ação e Vozes da Comunidade", realizado em Coimbra, Sandra Araújo, coordenadora da Estratégia Nacional de Combate à Pobreza (ENCP), alertou que perto de 38% da população portuguesa reside em casas que não oferecem um conforto térmico adequado durante os meses mais quentes.

Durante a abertura do encontro, Araújo sublinhou que os dados mais recentes do inquérito de rendimentos e condições de vida, realizados pelo Instituto Nacional de Estatística para 2023, revelam que aproximadamente 21% da população enfrenta dificuldades para aquecer as suas habitações e que 29% vive em imóveis afetados por infiltrações e humidades, bem como com problemas estruturais, como janelas ou soalho deteriorados.

De acordo com a coordenadora, entre 1,8 a 3 milhões de portugueses encontram-se em situação de pobreza energética moderada, enquanto entre 609 e 660 mil enfrentam pobreza energética extrema. Este fenómeno afeta, de forma acentuada, os cidadãos mais velhos, as pessoas com menor nível de escolaridade, os desempregados e as famílias monoparentais.

Enquanto expunha os dados, Sandra Araújo fez notar que as regiões da Madeira, Açores, Algarve e Norte de Portugal são aquelas que apresentam maior percentual de lares vulneráveis à pobreza energética.

Comparando com outros países da União Europeia, Portugal destaca-se como um dos que apresenta índices mais elevados de cidadãos incapacitados de assegurar um aquecimento adequado em suas residências.

A coordenadora caracterizou a pobreza energética como um "problema complexo e multidimensional", consequência de rendimentos baixos, altos custos energéticos, a antiga ineficiência térmica das habitações, bem como das condições climáticas do país.

"A resposta a esta questão exige uma abordagem abrangente e estruturada, que envolva programas de reabilitação das habitações, políticas para assegurar o acesso a energia a preços acessíveis e garantir que os apoios cheguem de modo eficaz a quem realmente precisa," concluiu Araújo.

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