Trump, IA e o Risco de Desinformação nas Eleições

Investigador do ISCTE alerta que o êxito de Trump nos EUA legitima a prática de mentiras, mesmo conscientemente, ao justificar a liberdade de expressão. Segundo Gustavo Cardoso, investigador e professor de Ciências de Comunicação, esta tendência pode ser replicada noutras democracias.

Num cenário em que a Inteligência Artificial se torna cada vez mais sofisticada, a sua utilização para criar notícias falsas e conteúdos manipulados nas redes sociais ganhou destaque. O MediaLab do ISCTE, em colaboração com a Comissão Nacional de Eleições e a agência Lusa, desenvolve um projeto para monitorizar a circulação de desinformação durante o período pré-eleitoral.

Cardoso explica que, à medida que novas tecnologias transformam as técnicas de propaganda, ferramentas baseadas em IA estão a ser exploradas para produzir desde textos a imagens enganosas. Exemplos recentes incluem anúncios em redes sociais que tentam associar políticos a campanhas de enriquecimento ilícito, num paradoxo em que se critica o comportamento dos políticos enquanto se alimenta a sua imagem.

O estudo, que já contou com experiências envolvendo vários partidos, pretende influenciar a forma como as campanhas eleitorais são estruturadas e alertar para os riscos que a desinformação acarreta na perceção pública da política.