Francisco enfrentou falsificações e manipulações digitais, realçando a importância de uma abordagem ética e regulamentada à IA para resguardar a verdade.
Durante o seu pontificado, o Papa Francisco foi repetidamente envolvido em episódios de desinformação, com a sua imagem sendo manipulada pela inteligência artificial. Em março de 2023, por exemplo, circulou uma fotografia realista do pontífice com um casaco branco ao estilo "puffer", apelidada de “Papa Rapper”, que confundiu muitos utilizadores.
Além deste caso, houve tentativas de deturpar as suas iniciativas e reformas para retratá-lo como um papa radical, aliado a uma suposta “agenda globalista” destinada a minar a cultura ocidental. Em determinadas situações, chegaram a ser criadas imagens pela IA onde o Papa aparencia saudando um “padre satânico”, causando indignação e disseminando interpretações erróneas.
No período natalício recente, circulou igualmente um vídeo manipulado digitalmente, onde o áudio foi alterado para fazer parecer que Francisco fazia declarações controversas acerca do "verdadeiro significado do Natal", confundindo ainda mais a opinião pública.
Outro episódio de desinformação envolveu uma imagem que supostamente mostrava o Papa internado no hospital Gemelli, em Roma, após ser acometido por uma pneumonia bilateral a 14 de fevereiro. Apesar das falhas visíveis na imagem – como erros nas texturas e formas –, esta foi amplamente partilhada nas redes sociais.
Ao longo do seu pontificado, Francisco sublinhou a importância de uma abordagem ética face ao avanço das novas tecnologias. Durante a cimeira do G7, em junho do ano passado, e posteriormente, em Davos em janeiro deste ano, o pontífice alertou para os perigos da IA, apelando à sua utilização para promover uma sociedade mais justa e humana, mas também denunciando o risco do “paradigma tecnocrático”.
Num comunicado conjunto de dois departamentos do Vaticano, aprovado pelo Papa, a Igreja Católica reforçou a necessidade de uma regulamentação rigorosa e cuidadosa desta tecnologia. Francisco, que faleceu aos 88 anos, de AVC, passou 12 anos a liderar a Igreja e ficou marcado como o primeiro jesuíta e latino-americano a assumir esta posição, vindo de Buenos Aires.