"Trump ameaça Japão com impostos: Tensão comercial volta a aumentar"
O Presidente dos EUA, Donald Trump, alerta para novas tarifas sobre as importações do Japão, enquanto busca acordos comerciais após o Dia da Independência.

Na segunda-feira, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, lançou um novo aviso ao Japão ao sinalizar a possibilidade de implementar tarifas adicionais, no contexto de uma tentativa de finalizar acordos comerciais com vários países após o feriado do 4 de julho.
Esta ameaça surge a poucos dias do término da suspensão das tarifas elevadas, que termina a 9 de julho, e esteve envolta por acusações de Trump de que o Japão não aceita as exportações de arroz norte-americano, apesar de enfrentar uma crise de escassez do produto.
“Eles não aceitam o nosso ARROZ, e, no entanto, estão a enfrentar sérias dificuldades”, escreveu Trump na sua plataforma social, Truth Social. “Em outras palavras, vamos enviar-lhes uma carta. Temos muito orgulho em ser parceiros comerciais ao longo dos anos”, acrescentou.
O Presidente tem intensificado a pressão sobre os seus parceiros internacionais na aproximação da data-limite, indicando que poderá encerrar negociações e instaurar unilateralmente tarifas alfandegárias.
Embora Trump tenha decidido suspender essas tarifas em abril, com um prazo de 90 dias para que os acordos fossem fechados, até agora apenas dois entendimentos gerais foram alcançados com o Reino Unido e a China.
O diretor do Conselho Económico Nacional, Kevin Hassett, afirmou que vários acordos poderão ser anunciados após o Dia da Independência, sugerindo que o processo laboral recomeçará rapidamente após as festividades.
Hassett assegurou que, apesar das mensagens do Presidente, as conversações com Tóquio continuarão: “Nada está encerrado. Embora tenha publicado esses comentários, as discussões avançarão até à conclusão”, disse ele.
Reagindo às declarações de Trump, as bolsas de Tóquio abriram em baixa, com o índice Topix a descer até 0,7%.
A crise da escassez de arroz, apontada pelo Presidente, tem gerado crescente descontentamento social no Japão, exacerbado pela inflação que duplicou nos últimos 12 meses. Para mitigar a situação, o Governo japonês acabou por liberar reservas de emergência, que geraram tensão com o setor agrícola, um importante eleitorado do partido governante.
A possível aceitação de arroz norte-americano poderia aliviar a pressão no mercado, embora fosse vista como uma concessão delicada a menos de três semanas das eleições para a câmara alta do Parlamento japonês, marcadas para 20 de julho.
Não é a primeira vez que a Administração Trump critica o Japão por alegadas práticas protecionistas. Em março, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, alegou que Tóquio impõe tarifas que chegam a 700% sobre o arroz importado, uma declaração que foi refutada pelas autoridades japonesas.
O Japão continua a ser um dos principais parceiros comerciais dos Estados Unidos, tornando-se um alvo relevante nas negociações comerciais da Administração Trump.
O Secretário do Comércio, Howard Lutnick, revelou na semana passada que novos acordos com cerca de dez dos principais parceiros comerciais dos EUA estão a ser aguardados, enquanto os restantes irão receber notificações sobre as tarifas.
As discussões entre Washington e Tóquio estenderam-se por vários meses, sem que se resolvam questões cruciais acerca das tarifas e barreiras comerciais. O Japão reivindica a eliminação das tarifas de 25% impostas à sua indústria automóvel, que afirmam estar a prejudicar gravemente essa indústria, mas Trump nega o pedido, alegando que o Japão importa poucos veículos norte-americanos.
Adicionalmente, o Japão enfrenta uma tarifa separada de 24% sobre todas as exportações para os EUA, que foi reduzida para 10% durante o período de negociações.