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Trump acelera tarifas e redefine a economia global

há 4 horas

O novo modelo tarifário dos EUA está a desencadear retaliações e incertezas, abalando os mercados e provocando uma guerra comercial que ameaça diversas indústrias.

Trump acelera tarifas e redefine a economia global

Após o seu juramento em Washington, em 20 de janeiro, o Presidente dos Estados Unidos anunciou uma mudança radical nas políticas comerciais. Em direto do Capitólio, Trump prometeu reformular o sistema tarifário, afirmando que impor taxas a países estrangeiros "é a única forma de nos tratarmos com o respeito que merecemos". Segundo o seu discurso de posse, a prioridade era proteger os trabalhadores e famílias americanas, revertendo o défice comercial com uma política protecionista.

Nas primeiras medidas, os produtos importados do México e de Canadá foram alvo de tarifas de 25%, mas a lista de parceiros rapidamente se alargou para incluir a China, Rússia e a União Europeia. Em espaço internacional, durante o Fórum Económico Mundial em Davos, Trump reiterou: "Venham fabricar na América ou pagarão os direitos aduaneiros", indicando uma postura de incentivos para a produção doméstica e de imposição de encargos a quem optar por produzir no estrangeiro.

O governo estadunidense justificou estas medidas alegando que os parceiros comerciais têm usufruído de condições desvantajosas e que as receitas resultantes seriam usadas para reduzir o défice orçamental. Apesar de garantir uma fase "gentil" nesta guerra comercial, a ausência de detalhes concretos tem elevado as incertezas, tendo já sido anunciadas suspensões e adiamentos, sobretudo no que concerne ao México e ao Canadá, e posteriormente a outros 75 países.

Em simultâneo, retalições internacionais já se fizeram sentir. A União Europeia preparou tarifas de 25% sobre produtos norte-americanos – inicialmente previstas para abril – e outros parceiros, como China, Brasil e Taiwan, anunciaram medidas correspondentes. Essa resposta coordenada alcançou um volume que ultrapassa os 22 mil milhões de euros em exportações dos EUA, enquanto as autoridades portuguesas apelam a uma resposta calibrada para evitar uma escalada insustentável.

Os sectores mais afetados incluem a metalurgia, automóvel e componentes eletrónicos. Por exemplo, na indústria automóvel alemã, prevê-se a perda de cerca de 300 mil empregos, afetando gigantes como Volkswagen, Mercedes-Benz e BMW, com prejuízos que se estendem também às exportações para os Estados Unidos.

Outras nações adotam estratégias de apaziguamento. O Vietname reduziu os encargos de alguns produtos estadunidenses, o Japão estruturou gabinetes de apoio às exportações, e o México procurou garantir a manutenção do tratado de livre-comércio vigente. No Reino Unido, esforços estão a ser concretizados para negociar rapidamente um acordo que elimine tarifas adicionais e beneficie a economia britânica.

Enquanto os mercados financeiros reagem com volatilidade – com bolsas europeias e asiáticas registando quedas e o euro a registar picos face ao dólar – os organismos internacionais, entre eles o Banco Central Europeu e a Reserva Federal, alertam para uma subida inflaçãoista e um abrandamento económico decorrentes desta estratégia tarifária. A postura protecionista de Washington tem ainda impulsionado a atenção para uma possível escalada da guerra comercial, elevando as expectativas de uma contração global que pode atingir níveis nunca vistos desde 2008.

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