"Tragédia dos incêndios: Oportunismo e a urgência de mudança climática"

A ex-deputada do Bloco de Esquerda, Joana Mortágua, expressou, neste sábado, a sua indignação em relação à forma como "todos os anos há quem tente tirar proveito da tragédia" dos incêndios florestais. Mortágua apelou à reflexão ao afirmar que "se aqueles que aproveitam a situação tivessem o poder, a tragédia ocorreria anualmente".

Ela sublinhou que a proposta de "prender os incendiários" é uma solução que parece óbvia, mas que a verdadeira dificuldade reside em reconhecer que "o clima mudou" e que é necessário agir de acordo com esta nova realidade.

Além disso, Mortágua argumentou que "a gestão do território florestal não pode coexistir com a liberdade privada absoluta", enfatizando a necessidade de que alguns indivíduos renunciem a interesses pessoais em prol do bem coletivo.

"Aqueles que perderam a vida nos incêndios, como Carlos Dâmaso, um ex-autarca que se dedicou à defesa da sua comunidade, não puderam escolher abdicar da sua vida. Um apelo ao respeito por essas vidas perdidas é imprescindível", concluiu.

Vale a pena recordar que Carlos Dâmaso, um empresário agrícola de 43 anos, foi a primeira vítima fatal dos incêndios deste ano, encontrado na sua propriedade em Vila Franca do Deão, no município da Guarda, onde o incêndio deflagrou na manhã de sexta-feira, dia 15 de agosto.

O Governo, através da ministra da Administração Interna, Maria Lúcia Amaral, anunciou que a situação de alerta por incêndios foi prolongada até ao dia 17 de agosto, com a manutenção das restrições existentes devido ao risco elevado de incêndios.

Desde 2 de agosto, Portugal está em alerta devido ao risco de incêndio rural. Os dados do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) indicam que, entre janeiro e 14 de agosto, já arderam 139 mil hectares, com uma significativa parte desse total a ocorrer nos últimos dois dias.