Cultura

Serralves apresenta "Sussurro" com obras polêmicas de Maurizio Cattelan

A exposição "Sussurro", que abre hoje em Serralves, exibe 26 obras marcantes de Cattelan, incluindo a célebre "Comedian", abordando temas como fascismo e religião. A mostra ficará disponível até janeiro.

03/07/2025 15:05
Serralves apresenta "Sussurro" com obras polêmicas de Maurizio Cattelan

A Fundação de Serralves dá início à exposição "Sussurro", que reúne 26 obras do controvertido artista italiano Maurizio Cattelan, incluindo a icónica "Comedian" (2019), que apresenta uma banana colada à parede. A mostra, que é de entrada gratuita, ficará disponível até janeiro de 2024 e é a primeira a mostrar estas obras em Portugal, tendo sido planeada com especial atenção para o espaço da Casa e do Parque de Serralves.

Philippe Vergne, director do Museu e curador da exposição, comentou: "Optamos por uma seleção rigorosa de obras que, para mim, são o cerne do seu trabalho. Cattelan é um 'jogral' que consegue expressar verdades incomuns e provocadoras através da arte." O curador, que já há mais de dez anos desejava trazer a arte de Cattelan ao Porto, guiou jornalistas por uma série de peças que refletem preocupações com a História, o fascismo, a religião e a morte.

Antes do percurso, um cacho de bananas em meio aos preparativos atraiu atenção, enquanto Vergne interpretava os temas da exposição. Com obras como "Novecento" (1997), que mostra um cavalo suspendido, e "Sem título" (1997), onde uma avestruz enfia a cabeça no chão, o curador levou os participantes a explorar a complexidade e ironia das criações de Cattelan. Entre os destaques encontra-se a redução da Capela Sistina, uma análise contemporânea da relação entre o humano e o divino, e "La Nona Ora" (1999), que apresenta uma representação surreal do Papa João Paulo II sob um meteorito.

Outro momento impactante é "Him" (2001), que apresenta um menino com o rosto de Adolf Hitler, ajoelhado em oração. Cattelan provoca o espectador a refletir sobre os fantasmas da História e a necessidade de uma "epifania negativa" sobre os perigos do regresso a tempos sombrios.

Vergne também fez referência ao elefante "Not Afraid of Love" (2000), coberto com um manto branco, simbolizando a violência e a tensão racial. "Embora todos queiram ouvir sobre a banana, esta exposição vai muito além disso", provocou o curador. A instalação é uma crítica ousada e relevante sobre temas contemporâneos.

Cattelan, que nasceu em Pádua em 1960, é conhecido pelo seu estilo desafiante e satírico, que atravessa as fronteiras da criação artística. Com uma carreira marcada por obras que geraram tanto admiração quanto controvérsia, incluindo a viral "Comedian", o artista continua a influenciar a consciência cultural global.

Além da mostra, Serralves lança uma publicação que inclui um ensaio visual de Cattelan e textos de Vergne, Bernard Blistène, e Cecília Alemani, destacando ainda mais o impacto e a relevância do trabalho do artista. A curadoria da exposição envolveu também a Galeria Perrotin e a Galeria Gagosian.

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