No Senado, a resolução do Partido Democrata para bloquear as tarifas do Presidente Trump foi chumbada após um empate decisivo, revelando divisões profundas entre os partidos.
O Senado dos Estados Unidos, dominado por divisões partidárias, assistiu na quarta-feira a uma votação contenciosa que terminou em empate a 49 votos, levando o vice-presidente J.D. Vance a intervir para assegurar a rejeição da resolução democrata destinada a bloquear as tarifas alfandegárias implementadas pelo Presidente Donald Trump.
Após a votação, o líder da maioria republicana no Senado, John Thune, informou que a sua bancada decidiu realizar uma votação processual com o intuito de impedir que os democratas pudessem reverter a situação.
A resolução apresentada pelos democratas procurou desafiar a emergência económica nacional que permitiu a Trump implementar tarifas de pelo menos 10% sobre a maioria das importações, um anúncio feito pelo presidente em abril, que posteriormente foi suspenso devido ao colapso do mercado acionista.
A senadora democrata Elizabeth Warren criticou a estratégia, referindo-se à situação como uma "falsa emergência" e alertando que as tarifas estão a colocar a economia americana em risco.
Por outro lado, alguns republicanos consideraram que a abordagem dos democratas visava apenas um ataque político, como foi o caso de Thom Tillis, que, embora apoiasse uma outra proposta que daria ao Congresso mais poder sobre a definição de tarifas, optou por rejeitar a resolução democrata, a qual considerou meramente simbólica.
Os democratas, por sua vez, declararam que a verdadeira intenção era expor a posição dos republicanos e reafirmar o papel do Congresso na matéria. "O Senado não pode permanecer uma entidade passiva face ao caos das tarifas", afirmou Ron Wyden, um dos proponentes da resolução.
O líder da minoria no Senado, Chuck Schumer, sublinhou que os dados económicos alarmantes deveriam ser um aviso para os republicanos, especialmente após o Departamento do Comércio relatar uma contração da economia de 0,3% no primeiro trimestre, a primeira em três anos.
A senadora republicana Susan Collins comentou que o resultado da votação reflete um desconforto significativo em relação às políticas do Presidente. "Estamos a receber feedback dos empregadores sobre os efeitos adversos das tarifas", disse.
Enquanto isso, Trump procurou assegurar aos cidadãos que as tarifas não levarão a uma recessão, focando particularmente na China, onde aumentou as tarifas sobre produtos chineses em 145%. O Presidente justificou que a China enfrenta dificuldades significativas devido à falta de atividade nas suas fábricas, reafirmando que os EUA não dependem das importações chinesas.
"Talvez as crianças tenham duas bonecas em vez de 30", disse Trump referindo-se aos possíveis impactos das tarifas sobre os consumidores. "E pode ser que essas duas bonecas custem um pouco mais do que geralmente custariam", concluiu.