Seguro pausa intervenção para evitar insinuações presidenciais

António José Seguro, antigo secretário-geral do PS, interrompeu a sua fala durante uma palestra na Universidade do Minho, alegando que não queria "descasar" em excessos sobre questões que se relacionam com uma possível candidatura à Presidência da República.

Durante a intervenção, Seguro criticou a ausência de coragem política, liderança e consensos necessários para resolver os problemas reais dos portugueses, afirmando manter em si “o sonho de um menino” que acredita na viabilidade de uma transformação profunda.

Ao interromper abruptamente a sua declaração com um “é por isso que... fico por aqui, se não ainda me descaio”, o orador demonstrou cautela para não aprofundar especulações. Quando questionado pelos jornalistas, justificou que preferiu evitar prolongar a palestra e prejudicar o almoço dos presentes no auditório.

O ex-líder socialista também teceu críticas à atual dinâmica política, referindo que Portugal tem vivido "governos de turno", em oposição à necessidade urgente de "governos de projeto". Segundo ele, a cultura política deveria focar-se num compromisso onde se partilhassem ideias e soluções para questões como o Serviço Nacional de Saúde, a justiça e a habitação.

Seguro evidenciou que, em áreas como a habitação, muitos problemas parecem ter soluções óbvias – “até dói” ver que se permanece inerte – num país onde existem mais casas devolutas do que famílias sem residência digna.

O ex-ministro reiterou a sua crença: “a política só tem sentido se ela proporcionar soluções para os problemas das pessoas”. Em matéria de defesa, defendeu uma estratégia comum na Europa e criticou o aumento de despesa em armamento sob o argumento de que “apenas porque a Rússia pode vir aí”.

Recordou que, em 2023, os países europeus, contando inclusive o Reino Unido, investiram três vezes mais em armamento do que a Rússia, sublinhando a necessidade de repensar prioridades e estratégias.