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Roménia à beira de uma nova eleição: Divisão e expectativas entre os eleitores

há 4 horas

A anulação da primeira volta das presidenciais romenas gerou discórdia entre cidadãos, que sentem alívio ou revolta com a decisão judicial que forçou novas eleições.

Roménia à beira de uma nova eleição: Divisão e expectativas entre os eleitores

No contexto das presidenciais romenas, a anulação da primeira volta, decidida pelo Tribunal Constitucional apenas dois dias antes da segunda volta marcada para dezembro de 2024, gerou um clima de profunda divisão entre a população. Com a alegação de interferência de uma "potência estrangeira", que posteriormente foi identificada como sendo a Rússia, a justiça romena tomou a decisão sem precedentes, desafiando as expectativas dos eleitores.

O candidato populista Calin Georgescu, que surpreendeu a todos ao ascender rapidamente nas preferências eleitorais através de redes sociais como o TikTok, viu-se agora impedido de concorrer novamente.

Entre os romenos, a opinião sobre a anulação é polarizada. Comentadores e políticos da oposição criticam a decisão, apontando motivações políticas por detrás do tribunal. O analista Camil Calus, do Centro para Estudos Orientais, sugere que a maioria dos eleitorados se sente desorientada e insatisfeita, com uma sondagem recente a indicar que 62% dos romenos consideram a decisão injusta.

Numa conversa com a Lusa, Cristina, uma administradora de 32 anos, expressou os seus "sentimentos contraditórios" sobre a situação. Embora não considerasse a anulação justa, admitiu sentir alívio ao evitar candidatos que não a inspiravam confiança. "Todos sabemos que a corrupção está enraizada na política, mas este desfecho trouxe à tona um novo dilema", lamentou.

Na véspera da votação, a atmosfera nas ruas de Bucareste revelava considerável apatia. Com 11 candidatos em concorrência, a campanha parecia apagada, sem a presença habitual de materiais publicitários. Os romenos, no entanto, aproveitaram o feriado ensolarado para desfrutar de momentos em família, contrastando com o clima político instável.

Mihaela Tumaru, responsável de compras e com 33 anos, afirmou acreditar que a anulação não comprometeu a democracia, mas sim proporcionou um momento de reflexão. Por outro lado, Mititina Olimpiu, um gestor de 34 anos, criticou a situação como "uma loucura" e clamou por um discurso político mais construtivo.

Corneanu Liviu, eletricista de 58 anos, apoiou a decisão judicial, ao afirmar que havia uma preocupação legítima acerca da propagação de perfis falsos nas redes sociais. A expectativa é que as autoridades eleitorais tenham aprendido com a situação e que o processo próximo decorra sem incidentes.

Para muitos romenos, o foco deve estar no futuro. "É importante avançar e não retroceder", comentou Liviu, ecoando um sentimento que muitos compartilham nestes tempos incertos.

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#Roménia #Eleições2024 #DivisãoPopulacional