Reino Unido intensifica sanções contra a Rússia por uso de armas químicas na Ucrânia
O governo britânico impôs novas sanções à Rússia, visando autoridades responsáveis pela utilização de armas químicas na Ucrânia, em violação de tratados internacionais.

O governo do Reino Unido anunciou hoje a aplicação de novas sanções à Rússia devido ao uso de armas químicas na Ucrânia, considerado uma infração da Convenção sobre Armas Químicas. A lista de sanções atualizada inclui Aleksey Rtishchev, chefe das Tropas de Defesa Radiológica, Química e Biológica da Rússia, e o seu adjunto, Andrei Marchenko.
As autoridades britânicas afirmam que estas unidades estão implicadas no emprego de armas químicas no conflito ucraniano. Com as novas medidas, os bens de Rtishchev e Marchenko no Reino Unido ficarão congelados, além de lhes ser proibida a entrada no território britânico.
O Instituto Russo de Investigação Científica de Química Aplicada, que foi adicionado à lista de sanções, é acusado de ter fornecido granadas RG-Vo ao exército russo, com componentes que contrariam a referida convenção.
A 20 de maio, o Conselho da União Europeia também adoptou sanções adicionais contra três entidades russas relacionadas com o desenvolvimento e uso de armas químicas na guerra. Recentemente, Alemanha e Países Baixos denunciaram que a Rússia recorre cada vez mais a armas químicas, incluindo gás lacrimogéneo e cloropicrina, em ataques na Ucrânia.
Um relatório conjunto das agências de inteligência alemãs e neerlandesas revelou que, segundo informações dos serviços secretos, a utilização de tais agentes químicos se tornou uma prática comum, causando não só fatalidades directas como também forçando os militares ucranianos a abandonar os seus esconderijos, tornando-se vulneráveis a outros ataques.
O ministro da Defesa dos Países Baixos, Ruben Brekelmans, confirmou nas redes sociais que as informações corroboram o uso crescente de armas químicas pela Rússia. O ministro dos Negócios Estrangeiros do país, Caspar Veldkamp, anunciou que a questão será abordada na próxima reunião do Conselho Executivo da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ).
É importante, segundo Veldkamp, capitalizar o apoio da comunidade internacional e partilhar as conclusões dos serviços de inteligência sobre a situação.
A estação pública neerlandesa NOS reportou que, de acordo com as informações do Ministério da Defesa da Ucrânia, as substâncias químicas foram utilizadas em cerca de 9.000 ataques, resultando em pelo menos três mortes. Além disso, os serviços secretos alertam que o uso de armas químicas tem consequências mais amplas, criando situações em que soldados ucranianos ficam vulneráveis após deixarem os seus refúgios.
A Rússia, que ratificou a Convenção sobre Armas Químicas, continua a ser acusada de violar este tratado. No ano anterior, o Reino Unido já havia sancionado soldados russos por casos semelhantes. Entretanto, o Kremlin tem negado veementemente essas acusações, classificando-as de infundadas.
A invasão russa na Ucrânia, iniciada a 24 de fevereiro de 2022, foi justificada pelo Kremlin como uma tentativa de proteger as minorias pró-russas e promover a "desnazificação" do país, que desde 1991 vem afastando-se da influência de Moscovo.