Operação de Imigração em Los Angeles Mobiliza Militares e Blindados
A ICE iniciou uma operação de detenção de imigrantes ilegais em Los Angeles, contando com a colaboração da Guarda Nacional e veículos blindados, gerando preocupações sobre direitos humanos.

A agência de imigração e alfândega dos Estados Unidos (ICE) deu início a uma operação em Los Angeles destinada à detenção de imigrantes ilegais, com a assistência da Guarda Nacional e de um contingente de veículos blindados. A iniciativa, que se desenrola no Parque MacArthur — uma área densamente habitada por imigrantes a cerca de 3 km do centro da cidade — conta com a presença de 90 soldados da Guarda Nacional da Califórnia, 17 veículos Humvee, quatro unidades táticas e duas ambulâncias, de acordo com informações da agência Associated Press.
Esta operação surge na sequência de confrontos em Los Angeles, após o Presidente Donald Trump ter enviado tropas para a cidade em resposta a protestos contra ações anteriores de imigração. O governo Trump tem procurado intensificar esforços para cumprir a promessa de deportar milhões de imigrantes ilegais, utilizando o poder militar em território nacional, uma decisão raramente tomada por administrações anteriores.
As autoridades esclareceram aos meios de comunicação que a operação não tem características militares, sendo que a principal função das forças armadas será a proteção dos agentes de imigração em situações de eventuais aglomerações hostis. Um responsável da Guarda Nacional, que preferiu manter o anonimato, afirmou que a sua presença será mais visível e abrangente do que o habitual.
Embora os militares não estejam diretamente envolvidos em atividades policiais como detenções, poderão, em situações excecionais, deter temporariamente cidadãos antes de os entregarem às autoridades competentes.
A área de intervenção é frequentemente referida como a "Ilha Ellis da Costa Oeste", uma alusão à famosa ilha de Nova Iorque, que historicamente foi um ponto de entrada para milhões de imigrantes. A população local é maioritariamente composta por imigrantes mexicanos e centro-americanos, e as autoridades realizam desmontes de acampamentos e prestam assistência médica aos sem-abrigo em intervalos regulares.
Desde junho, mais de 4.000 membros da Guarda Nacional e centenas de fuzileiros navais foram destacados em Los Angeles, uma ação que contraria a posição do governador da Califórnia, Gavin Newsom. Recentemente, o exército anunciou que cerca de 200 soldados voltariam às suas unidades para colaborar na luta contra incêndios florestais.
Na semana passada, o executivo de Donald Trump foi alvo de críticas de várias organizações devido a alegações de ilegalidades e discriminação racial no contexto das detenções em Los Angeles. Uma ação judicial de 63 páginas apresentada no Tribunal Distrital da Califórnia Central acusou o Departamento de Segurança Interna (DHS) de "sequestrar e fazer desaparecer" membros da comunidade em práticas de detenção e prisão ilícitas, relacionadas com características raciais.
A queixa sustenta que os detidos foram mantidos em condições ilegais que comprometeram a sua saúde, além de lhes ter sido negado o acesso a advogados. Os denunciantes — cinco trabalhadores detidos e quatro organizações de direitos — alegam que a administração Trump violou direitos constitucionais através de detenções arbitrárias.
A ação judicial pede ao tribunal que emita ordens permanentes para evitar futuras violações dos direitos dos cidadãos. Descobrir-se-á em breve como o tribunal responderá a esta ação, com possibilidades de uma moratória nas operações policiais e a exigência de acesso a representação legal para os detidos.