Qatar revela início de negociações entre Israel e Hamas e critica ações israelitas na Síria
O Qatar anunciou que as negociações entre Israel e Hamas estão a começar, ao mesmo tempo que condena as ações "irresponsáveis" de Israel na Síria.

As autoridades do Qatar confirmaram hoje que as conversações entre delegações de Israel e do Hamas, destinadas a estabelecer um novo cessar-fogo na Faixa de Gaza, "estão numa fase inicial". Doha aproveitou a ocasião para criticar as ações "irresponsáveis" de Israel na Síria, afirmando que não podem ser aceites a falta de responsabilização por parte de Telavive.
Estas declarações surgem num contexto de intensificação da ofensiva militar israelita em Gaza, que teve início após os ataques do Hamas a 7 de outubro de 2023, resultando em milhares de mortos e uma crise humanitária sem precedentes. A retaliação de Israel provocou mais de 58 mil vítimas fatais na região e deixou grande parte da infraestrutura de Gaza devastada.
“Existem esforços contínuos para se chegar a um acordo”, afirmou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Qatar, Mayed al-Ansari. Ele acrescentou que "as equipas de negociação estão ainda em Doha", e mencionou a intensificação da comunicação entre o Qatar e os Estados Unidos, mediadores do processo.
Al-Ansari destacou que as reuniões entre as partes estão a ser realizadas separadamente e sublinhou que "nenhum mediador pode definir um calendário para as negociações", seja acerca de Gaza ou outros temas.
O porta-voz também se manifestou sobre a recente incursão militar israelita na Síria, que definiu como "muito perigosa". "Os atos provocativos de Israel, que agravam a situação em Gaza, devem ser repreendidos pela comunidade internacional", afirmou.
As autoridades israelitas realizaram novos ataques em Sweida, no sul da Síria, logo após o envio de tropas de Damasco para a área, onde confrontos entre milícias drusas e beduínos resultaram em mais de uma centena de mortos. O primeiro-ministro e o ministro da Defesa de Israel confirmaram os ataques, mas não revelaram informações sobre vítimas israelitas.
A província de Sweida, com cerca de 700.000 habitantes, é lar da maior comunidade drusa da Síria, uma minoria que vive com receio em relação a extremistas sunitas. Os drusos representam aproximadamente 3% da população síria e concentram-se principalmente no sul, perto de Israel, além de estarem presentes no Líbano e em outras áreas na Síria.