Investigação do IGMM revela que um sistema imunitário saudável pode induzir mutações adaptativas na bactéria E. coli, alterando a sua capacidade de causar infeções.
Um novo estudo liderado pela investigadora Isabel Gordo, do Instituto Gulbenkian de Medicina Molecular, demonstra que o sistema imunitário exerce um papel central na evolução da bactéria Escherichia coli, normalmente presente no intestino humano. Publicada na revista PLOS Pathogens, a pesquisa evidencia como uma resposta imunitária eficiente pode incentivar mutações que potencializam a adaptação e, por vezes, a patogenicidade da bactéria.
Durante o estudo, os investigadores acompanharam a evolução de duas estirpes distintas da E. coli inseridas no intestino de ratinhos, com sistemas imunitários normais e comprometidos. Foi observado que, ao longo de milhares de gerações, as duas estirpes coexistiram com abundâncias variáveis, e que as mutações favoráveis, que promovem a melhor adaptação, ocorreram exclusivamente nos ratinhos com sistema imunitário intacto.
Esta descoberta permite compreender melhor os mecanismos que podem fazer com que uma bactéria geralmente inofensiva se transforme numa ameaça, desencadeando desde infeções urinárias e gastroenterites até complicações graves, como doenças inflamatórias intestinais. O estudo, que contou também com a colaboração da Université Paris Cité, da Universidade Católica Portuguesa e do Instituto de Tecnologia Química e Biológica António Xavier, abre novas perspetivas quanto à prevenção e gestão destas patologias.