PAN forma coligações inesperadas nas autárquicas, mas enfrenta críticas internas
O PAN alarga as suas alianças políticas em candidaturas autárquicas, unindo-se a partidos divergentes como CDS-PP e BE, gerando descontentamento dentro da organização.

O PAN, partido de referência no panorama político português, está a preparar-se para as eleições autárquicas com uma estratégia de coligações que surpreende pela sua amplitude. Alinhando-se com partidos de diferentes vertentes ideológicas, como o CDS-PP e o Bloco de Esquerda, o partido já tem mais de 20 candidaturas confirmadas, a maioria delas sendo resultado de alianças.
Mesmo com esta diversidade, o foco do PAN é notoriamente inclinado para a esquerda. Em Lisboa, por exemplo, o partido formou uma coligação com o PS, o Livre e o Bloco de Esquerda, com uma lista liderada por Alexandra Leitão, socialista, na tentativa de vencer o atual presidente da Câmara, Carlos Moedas, do PSD.
De acordo com os detalhes da coligação obtidos pela Lusa, os primeiros lugares da lista à Câmara de Lisboa estarão maioritariamente ocupados por membros do PS, com o PAN a garantir a oitava posição através do deputado municipal António Morgado Valente.
Além de Lisboa, o PAN também se aliará ao PS em várias localidades, incluindo Ponta Delgada e Oeiras, enquanto em Loures, formará uma coligação à esquerda com o Livre e o BE, visando desafiar a liderança socialista atual.
No entanto, o partido não hesita em estabelecer coligações com partidos de direita, como em Sintra, onde se une ao PSD e à Iniciativa Liberal, sob a liderança de Marco Almeida, e em Faro, onde a aliança inclui o CDS-PP, com quem existem diferenças marcadas sobre questões como as touradas.
Esta estratégia não está a agradar a todos dentro do partido, levando a um descontentamento expresso através de uma carta aberta assinada por mais de 100 filiados, que critiquem a falta de uma estratégia clara e a criação de coligações consideradas incoerentes.
Por outro lado, a líder do PAN, Inês de Sousa Real, defendeu a importância de dialogar e formar alianças com diferentes forças políticas, sublinhando que as dinâmicas locais devem ser valorizadas, sem uma abordagem única para as coligações.
Além de se focar nas coligações, o PAN também está a preparar listas próprias, principalmente no norte do país, com candidaturas já aprovadas em cidades como Famalicão e Gondomar, e pretende expandir para várias localidades entre os distritos do Porto e Aveiro.
Nas eleições anteriores, o desempeño do PAN resultou em 1,14% de votos nas suas candidaturas próprias, sem conseguir eleger vereadores, embora tenha garantido representatividade em diversas assembleias municipais e de freguesias.
O objetivo do partido para este ano é claro: aumentar a sua influência a nível local, embora ainda não tenha definido metas quantitativas concretas.