Oposição unida critica privatização da TAP como um erro governamental
PCP, Livre, BE e PAN manifestam preocupação com a decisão do Governo em avançar para a privatização da TAP, questionando a pressa do Executivo nesta operação. JPP admite a privatização, mas pede mais detalhes.

No parlamento, os partidos de oposição reagiram com descontentamento à decisão do Governo de iniciar o processo de reprivatização da TAP, que prevê a venda de 49,9% da companhia aérea.
Jorge Pinto, deputado do Livre, descreveu a medida como “errada”, especialmente numa altura em que a TAP começou a ser lucrativa após a sua nacionalização. O deputado sublinhou que, enquanto outros projetos de infraestruturas carecem de prazos, a privatização da TAP é uma das poucas iniciativas com data definida – o final da legislatura.
“O Governo está a criar uma posição negocial desfavorável com esta rapidez”, questionou Pinto, questionando a urgência da privatização. Destacou as condições únicas de Portugal para justificar a importância de manter uma companhia aérea de bandeira nacional.
Paulo Raimundo, secretário-geral do PCP, também expressou críticas à decisão, a qual classificou como um “crime económico”. Para ele, a TAP é um ativo que o Estado deve preservar e deveria ser reforçado o seu papel na economia nacional.
Raimundo fez referência a experiências anteriores com privatizações que resultaram na perda do controle estatal. “É uma opção errada, e já cá estava este filme antes”, afirmou.
Mariana Mortágua, do BE, expôs três motivos para a sua oposição à privatização. Primeiro, a TAP representa um símbolo de soberania nacional. Em segundo lugar, ela é fundamental para a economia portuguesa, especialmente em termos de contribuições para a Segurança Social e exportações. Finalmente, Mortágua mencionou que a TAP está a gerar lucros e alerta para os riscos de privatizações mal-sucedidas, como o Novo Banco.
Inês de Sousa Real, do PAN, exigiu a proteção dos trabalhadores e pediu ao primeiro-ministro que apresentasse informações sobre as contrapartidas da privatização no debate do estado da nação. “Estamos a lamentar a insistência nesta privatização, um erro que compromete um activo vital para o país,” destacou.
Filipe Sousa, deputado do JPP, reconheceu a possibilidade da privatização como uma opção caso o serviço público falhe, mas chamou a atenção para a necessidade de clareza em torno dos detalhes da operação, especialmente em relação a rotas críticas para as regiões autónomas e a diáspora.