"O desafio do próximo Papa: os abusos contra freiras em destaque"

O aumento alarmante de relatos de abuso sexual de freiras por membros do clero levanta sérias questões para a Igreja Católica, representando um obstáculo significativo para o próximo Papa, conforme salientado numa recente reportagem da AFP.

O Papa Francisco, que faleceu em abril, implementou várias reformas diante da crise gerada por escândalos de violência sexual, incluindo a revogação do segredo pontifício sobre abusos e a imposição da obrigação de que estes sejam denunciados aos superiores. Notavelmente, ele nomeou uma mulher para liderar um ministério do Vaticano pela primeira vez.

A Irmã Cristina Schorck, integrante das Filhas de Maria Auxiliadora, referiu-se ao silêncio que as freiras enfrentavam no passado, descrevendo a situação como um “segredo” que não podia ser partilhado. Ela acredita que Francisco abriu uma "primeira porta" para que as mulheres possam agora expressar as suas experiências.

A irmã Veronique Margron, presidente da Conferência dos Religiosos da França, reconhece que os abusos continuam a ser um “tabu”, embora a discussão sobre o tema nunca tenha sido tão prevalente como atualmente. O caso do padre esloveno Marko Rupnik, acusado de violência sexual e psicológica contra freiras, serve como um exemplo emblemático deste problema.

Laura Sgro, advogada italiana que representa cinco das mulheres que acusam Rupnik, afirmou que é essencial que as freiras sejam protegidas tanto pelo Estado como pelo direito canónico, solicitando que o próximo Papa tome medidas imediatas em relação a esta questão.

Em janeiro, Francisco sublinhou a importância de a Igreja "superar" a "mentalidade machista", frisando que as freiras não devem ser tratadas "como servas". O Conclave, que se inicia a 7 de maio, terá a responsabilidade nas mãos de 133 cardeais eleitores com menos de 80 anos, que escolherão o sucessor de Francisco.