Mundo

O 90.º Aniversário do Dalai Lama: Celebrações e Desafios Eternos

Milhares de adeptos do budismo tibetano reuniram-se em Dharamshala para celebrar os 90 anos do Dalai Lama, entre eles o ator Richard Gere. Contexto de tensões com a China também marca este evento.

há 4 horas
O 90.º Aniversário do Dalai Lama: Celebrações e Desafios Eternos

O Dalai Lama festejou este domingo o seu 90.º aniversário, numa cerimónia que teve lugar em Dharamshala, no Himachal Pradesh, norte da Índia, onde vive como líder espiritual do budismo tibetano desde 1959, após a ocupação chinesa do Tibete.

Para assinalar este marco, milhares de devotos de diferentes partes do mundo deslocaram-se a Dharamshala, incluindo o renomado ator Richard Gere, que é um fervoroso praticante do budismo tibetano e mantém uma relação especial com o Dalai Lama desde os anos 80.

As festividades tiveram início na passada segunda-feira, quando se celebrou o 90.º aniversário no calendário tibetano, precedendo o aniversário no calendário gregoriano em seis dias.

Nascido em 1935, Tenzin Gyatso foi designado, aos dois anos, como a 14.ª reencarnação do Dalai Lama, segundo a tradição budista. Em 2011, decidiu abdicar das suas responsabilidades políticas, transferindo o poder para um governo tibetano no exílio que foi eleito democraticamente.

"Enquanto estiver física e mentalmente apto, acredito ser vital estabelecer as regras para a escolha do próximo Dalai Lama", afirmou o líder espiritual em 2011. Ele enfatizou que as pessoas devem decidir se a linhagem de reencarnações deve continuar.

Entretanto, a sombra da China paira sobre a questão da sucessão. Muitos tibetanos expressam preocupação pela possibilidade de o governo chinês denominar um sucessor que esteja sob seu controlo. "Os chineses irão escolher outro Dalai Lama, é evidente", previu Thupten Jinpa, tradutor do atual líder espiritual.

O aniversário é celebrado num clima de tensão com a China, que desafiou o Dalai Lama após ele manifestar a esperança de viver até aos 130 anos e de reencarnar depois da sua morte.

A memória do caso de 1995, em que a China apreendeu uma criança reconhecida pelo Dalai Lama como Panchen Lama, pesa neste contexto. Pequim, que considera o Dalai Lama um separatista desde a sua fuga, já fez saber que pretende controlar o processo de seleção do próximo líder tibetano.

Recentemente, a China reiterou que o sucessor deverá ser "aprovado pelo Governo central", enquanto o Dalai Lama reafirmou que a instituição da linhagem espiritual persistirá após a sua morte, seguindo a tradição budista tibetana, o que sugere um novo confronto com o regime chinês.

Veja as imagens do evento na galeria acima.

#DalaiLama90 #TibeteResiste #LiberdadeReligiosa