Moscovo indica que o andamento da trégua unilateral determinará o futuro das conversações sobre o conflito na Ucrânia, que já suscita tensões entre as partes.
A presidência russa sublinhou que a continuidade das conversações acerca do conflito na Ucrânia está diretamente ligada ao desenvolvimento da trégua unilateral de 72 horas, instaurada hoje por Moscovo.
O conselheiro do Kremlin para assuntos internacionais, Yuri Ushakov, afirmou à imprensa russa: "Vamos aguardar para ver o progresso da trégua. Muito dependerá disso." O anúncio surge após um aumento de relatos de ataques por parte de ambos os lados.
Moscovo está em constante contacto diplomático com os Estados Unidos, com o conselheiro a mencionar interações frequentes, de dois em dois dias, ou diariamente, com Steve Witkoff, enviado especial da Casa Branca.
A trégua foi anunciada para coincidir com o 80.º aniversário da vitória do Exército Vermelho sobre a Alemanha nazi, a ser celebrada em Moscovo na sexta-feira, com a presença de cerca de 30 líderes internacionais.
Por outro lado, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, rejeitou a proposta, considerando-a ineficaz, e exigiu um cessar-fogo de pelo menos 30 dias. Zelensky também afirmou que a Ucrânia não pode assegurar a segurança dos líderes estrangeiros durante as cerimónias, uma afirmação que o Kremlin recebeu como uma ameaça.
A Ucrânia, por sua vez, denunciou um ataque russo em toda a linha da frente e qualificou a trégua como uma "farsa". O ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Andrii Sybiga, revelou que desde a entrada em vigor da trégua à meia-noite, a Rússia teria cometido 734 violações do cessar-fogo.
O ministério ucraniano apontou ainda 63 operações de assalto, com muitas ainda a decorrer. A maioria das violações foram alegadamente dirigidas contra posições ucranianas, totalizando mais de 580 ataques, além de 176 ações com veículos aéreos não tripulados.
Segundo Sybiga, a Ucrânia está a reagir "adequadamente" e garantiu que não permitirá que Putin engane a comunidade internacional. O ministro reiterou a disposição da Ucrânia para um cessar-fogo de 30 dias, na esperança de avançar nas negociações de paz.
Em contrapartida, o governo russo declarou que as suas forças armadas estão a respeitar a trégua, embora tenham respondido a violações atribuídas à Ucrânia, que, segundo Moscovo, não comprometeu a sua atividade militar.
No contexto internacional, o presidente norte-americano, Donald Trump, reafirmou o empenho da sua administração para pôr fim ao conflito, considerando que os esforços diplomáticos têm trazido oportunidades significativas. Trump também sugeriu que a intervenção da China na situação seria uma possibilidade a ser explorada, coincidentemente no mesmo dia em que Putin recebeu o presidente chinês, Xi Jinping.