O país alcançou um marco significativo ao arrecadar 206 milhões de dólares com o projeto de Gás Natural Liquefeito, evidenciando o seu potencial energético.
Moçambique comemorou uma conquista significativa ao conseguir arrecadar 206 milhões de dólares (aproximadamente 183 milhões de euros) com o lançamento da primeira operação de Gás Natural Liquefeito (GNL) na bacia do Rovuma, especificamente da plataforma Coral Sul, situada em águas ultraprofundas. A revelação foi feita por um porta-voz do governo à Lusa.
O ministro dos Recursos Minerais e Energia, Estêvão Pale, afirmou, durante uma visita à unidade flutuante de processamento, que este projeto demonstra claramente o potencial que Moçambique possui para implementar iniciativas semelhantes. "Acreditamos que muitos outros empreendimentos desta natureza poderão ser realizados no nosso país", afirmou.
A área 4 do Rovuma, localizada no norte de Moçambique, é operada pela Mozambique Rovuma Venture (MRV), um consórcio que inclui a Eni, ExxonMobil e a China National Petroleum Corporation (CNPC), que detém uma participação de 70% na concessão para pesquisa e produção.
A Coral Sul FLNG, a primeira instalação flutuante deste tipo em África, possui uma capacidade de liquefação de gás de 3,55 milhões de toneladas por ano (mtpa) e está projetada para produzir 450 mil milhões de metros cúbicos de gás a partir do reservatório da bacia do Rovuma.
Desde o arranque das operações em novembro de 2022, foram realizados 104 carregamentos, num projeto que implicou um investimento global de cerca de sete mil milhões de dólares (6,2 mil milhões de euros).
Os 206 milhões de dólares arrecadados incluem 65 milhões de dólares (57 milhões de euros) referentes a impostos associados à produção de petróleo, 134 milhões de dólares (119 milhões de euros) em "petróleo lucro" e sete milhões de dólares (6,2 milhões de euros) proveniente de bónus de produção.
O ministro Pale revelou ainda que, no futuro, os ganhos anuais esperados poderão ascender a 1,3 mil milhões de dólares (1,1 mil milhões de euros), o que será um impacto significativo na balança de pagamentos do país.
Além desses ganhos, desde o início das operações, foram investidos cerca de 19 milhões de dólares (16,9 milhões de euros) em projetos de responsabilidade social e mais de 819 milhões de dólares (728 milhões de euros) foram aplicados em contratos com empresas moçambicanas. Atualmente, há 1.337 jovens trabalhadores moçambicanos a empregar nessa plataforma.
O ministro expressou confiança no sucesso do projeto, destacando a motivação e aprendizagem dos jovens envolvidos. "É um êxito", concluiu.
Em janeiro, Cláudio Descalzi, diretor-executivo da Eni, comprometeu-se, numa carta ao Presidente Daniel Chapo, a expandir as operações de GNL em Moçambique, visando posicionar o país de forma relevante no mercado global de gás natural.
O governo moçambicano, em abril, aprovou um investimento de 6.600 milhões de euros para a construção do projeto Coral Norte, que, como segunda plataforma flutuante na bacia do Rovuma, deverá iniciar operações em 2028, com uma capacidade de 3,5 milhões de mtpa.
Um estudo da Deloitte, previsto para 2024, augura que as reservas de GNL de Moçambique poderão gerar receitas potenciais de 100 mil milhões de dólares (96,2 mil milhões de euros), sublinhando a relevância do país na transição energética global.
Moçambique já possui três projetos autorizados para a exploração das suas vastas reservas de gás natural na bacia do Rovuma, uma das maiores do mundo, localizada ao largo da costa de Cabo Delgado.