Mais reconhecimento para a Palestina em vista na Europa
A França antecipa novos reconhecimentos do Estado da Palestina por países europeus durante uma conferência da ONU em Nova Iorque, com foco na solução de dois Estados.

O chefe da diplomacia francesa, Jean-Noël Barrot, anunciou que vários países europeus estão prontos para manifestar a sua intenção de reconhecer o Estado da Palestina na conferência das Nações Unidas que terá lugar na próxima segunda e terça-feira em Nova Iorque.
Esta conferência, que será co-organizada pela França e pela Arábia Saudita, pretende revitalizar a proposta de uma solução de dois Estados no Médio Oriente. Barrot sublinhou que pela primeira vez os países árabes se pronunciarão contra o Hamas e solicitarão o seu desarmamento, um passo que poderá significar o isolamento definitivo do grupo.
Embora o ministro não tenha revelado quais os Estados que se juntarão ao grupo já existente que inclui Espanha, Irlanda, Polónia e Suécia, uma coisa é certa: a França será o primeiro membro do G7 a reconhecer oficialmente a Palestina durante a Assembleia Geral da ONU.
Por outro lado, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, mantêm que a decisão de Londres deve ser parte de um plano mais abrangente, enquanto Berlim não vê este reconhecimento como uma possibilidade a curto prazo.
A Alemanha e o Reino Unido afirmaram que é prematuro reconhecer a Palestina, com Londres a declarar que tal só deverá ocorrer após a resolução da crise humanitária. A Alemanha, por sua vez, já exclui essa possibilidade no imediato.
A conferência de alto nível que visa discutir a solução de dois Estados foi inicialmente agendada para junho, mas foi adiada devido ao conflito entre o Irão e Israel. As discussões ao nível ministerial terão início em Nova Iorque antes de uma cimeira programada para setembro.
Barrot mencionou que a ideia de um Estado palestiniano nunca foi tão ameaçada como agora, citando a destruição na Faixa de Gaza e a colonização israelita na Cisjordânia como fatores que minam a continuidade territorial e a confiança da comunidade internacional.
Ele sublinhou que “tentar alcançar um cessar-fogo duradouro ou a libertação de reféns sem definir uma perspetiva política é meramente ilusório”. Durante a conferência, a França, em conjunto com a Arábia Saudita, pretende apresentar uma visão conjunta para a fase “pós-guerra”, enfocando a reconstrução, segurança e governança em Gaza, facilitando assim o caminho para a solução de dois Estados.
Barrot reconheceu que a abordagem da França está alinhada com a lógica dos acordos de Abraão, que em 2020 viram a formalização de relações entre Israel e alguns países árabes, e acredita que isso poderá preparar o terreno para novos acordos no futuro.
Atualmente, conforme a agência AFP, pelo menos 142 dos 193 Estados-membros da ONU, incluindo a França, já reconheceram o Estado palestiniano proclamado em 1988.