Maduro aplaude o alistamento das milícias em resposta aos EUA

O chefe de Estado venezuelano, Nicolás Maduro, declarou este sábado que o lançamento da jornada de alistamento nas "forças milicianas" foi um "sucesso" absoluto. A convocatória, realizada ao longo deste fim de semana, surge como uma resposta a uma suposta ameaça militar originada nos Estados Unidos.

Em uma mensagem de áudio divulgada no canal Telegram, Maduro expressou: "Hoje, sábado, foi um sucesso total o início desta jornada de reorganização dinâmica de todas as forças populares, militares, policiais e do sistema defensivo".

O Presidente destacou que a adesão à convocação gerou uma enorme manifestação de "nacionalismo, patriotismo" e amor pela Venezuela, sentimentos que, segundo ele, foram visíveis nas redes sociais e nos meios de comunicação.

A inscrição na Milícia Nacional Bolivariana (MNB), que ocorreu nas praças e quartéis por todo o país, foi promovida por Maduro na quinta-feira passada. Esta milícia, formada por civis voluntários, foi criada em 2009 pelo anterior presidente Hugo Chávez e, após 11 anos, foi oficialmente integradora da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB).

Imagens difundidas pela estatal Venezolana de Televisión (VTV) mostraram o processo de registo a decorrer em diversos estados da Venezuela. O ministro da Defesa, Vladimir Padrino, pediu à população para não entrar em pânico com o início do alistamento.

Na última segunda-feira, Maduro ordenou a movimentação de 4,5 milhões de milicianos por todo o território, após os EUA aumentarem para 50 milhões de dólares (43 milhões de euros) a recompensa por informações que possam levar à sua captura.

Em resposta a este contexto, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, anunciou na terça-feira que os EUA se preparam para "usar todo o seu poder" contra o tráfico de drogas, incluindo o envio de navios e soldados para a costa venezuelana.

Durante um discurso no Parlamento, Maduro acusou os Estados Unidos de tentarem realizar "um golpe terrorista" no país, referindo-se ao deslocamento de navios de guerra para a região. Ele qualificou essas ações de "imorais, criminosas e ilegais".

De acordo com informações da CNN, os EUA começaram a disponibilizar 4 mil fuzileiros navais nas águas da América Latina e do Caribe para combater o tráfico de drogas, além de reforçarem a sua presença militar com aviões de reconhecimento e contratorpedeiros com capacidades antimíssil.

Entretanto, António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, apelou na quinta-feira tanto aos Estados Unidos quanto à Venezuela para que abordem suas divergências de forma pacífica.