Política

Livre preparado para contribuir na governação sem impor cargos

há 1 semana

Rui Tavares defende uma aliança baseada em propostas progressistas e responsáveis, sem condicionar o apoio parlamentar à atribuição de cargos políticos.

Livre preparado para contribuir na governação sem impor cargos

Rui Tavares, porta-voz do Livre, deixou claro numa entrevista à agência Lusa que o partido se apresenta às legislativas de 18 de maio não apenas como uma opção para aumentar o grupo parlamentar, mas também como uma alternativa concreta para funções executivas, trazendo uma "claridade" ausente há muito na política da esquerda.

Questionado se o Livre exigirá que o PS integre um executivo em troca do apoio parlamentar, Tavares enfatizou: "Isso é secundário". O dirigente sublinhou que o seu partido está preparado para assumir responsabilidades governativas, desde que seja endossado, e salvaguarda que o Livre pretende contribuir na construção de um governo que avance aspetos como progresso, ecologia e justiça social sem impor condições à mesa de negociações.

O dirigente criticou a posição histórica da esquerda, muitas vezes acusada de renunciar a responsabilidades, o que permitiu ao PS e ao centro-esquerda consolidarem uma espécie de monopólio governativo. Neste contexto, Tavares reafirmou a determinação do Livre em ser "insistente" – e até "chato" – quando necessário, defendendo uma postura exigente e impaciente relativamente à concretização das mudanças pretendidas para o país.

Entre as propostas apresentadas, destaca-se a exigência de que o futuro primeiro-ministro proceda à venda, encerramento ou transferência a uma gestão profissional independente de empresas públicas, evitando situações semelhantes à vivida com Luís Montenegro. Outras reivindicações incluem a obrigatoriedade de se ouvir os governantes no parlamento antes da tomada de funções, a rejeição de privatizações no Serviço Nacional de Saúde e o reconhecimento do Estado da Palestina.

Em termos orçamentais, o programa eleitoral do Livre contempla medidas consideradas "razoáveis e realistas". Entre estas, encontra-se o investimento de mil milhões de euros anuais em habitação, com o intuito de atingir 10% de parque público até 2040 – financiamento que viria de um imposto extraordinário sobre os lucros das empresas imobiliárias, seguradoras e bancárias. Adicionalmente, o partido propõe uma "herança social" de cerca de 5.000 euros para cada recém-nascido, recurso que seria suportado por impostos sobre grandes heranças e fortunas, ajustados à realidade económica nacional.

Tavares reconheceu que não estabeleceu metas eleitorais fixas, mas destacou que manter os quatro deputados atuais seria um ponto de partida, almejando um crescimento e um maior enraizamento em todo o país. Ainda que assuma riscos em caso de resultados menos favoráveis, o dirigente transmitiu confiança na capacidade do Livre de se afirmar como uma força decisiva para a renovação política.

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