Em Maputo, Marcelina e Estefânia enfrentam o desemprego com determinação. Enquanto vendem molina e costuram, mostram que a resiliência é a chave em tempos difíceis.
Marcelina Chipanga, de 38 anos, enfrenta uma realidade difícil em Maputo. Licenciada em administração entre 2014 e 2019, percorre as ruelas do bairro Mali, à procura de meios para sustentar o seu filho após o abandono do marido em 2017.
Com a escassez de oportunidades laborais a tornar-se uma constante, Marcelina decidiu transformar a sua vida, começando a vender pastéis de feijão e, posteriormente, molina, uma sobremesa feita de mandioca. Em entrevista à Lusa, revela que, apesar dos desafios diários, continua a sonhar com um futuro melhor. "Nos dias de vendas, normalmente consigo vender apenas metade da minha mercadoria", partilha.
Os seus bolinhos de coco variam de cinco a 110 meticais, e a clientela habitual é composta principalmente por estudantes e funcionários de lojas. Contudo, a realidade do mercado de trabalho em Moçambique é dura; muitos graduados, como Marcelina, estão a encontrar no empreendedorismo uma solução para a falta de emprego, refletindo a crise de desemprego no país.
Dados recentes mostram que, no quarto trimestre de 2024, a taxa de desemprego em Moçambique subiu para 1,8%, revelando que a situação é alarmante, com cerca de 190.558 desempregados registrados.
Estefânia Sega, outra licenciada de 27 anos, também enfrenta o impacto do desemprego. Com um diploma em arquitetura e planeamento físico completado entre 2017 e 2024, os seus sonhos desmoronaram quando se deparou com a realidade do mercado laboral. "Passei por crises de ansiedade, questionando as minhas capacidades", admite.
Porém, em vez de deixar-se abater, Estefânia reencontrou a sua paixão pela costura, trocando os esquissos pela máquina de costura e dando vida a peças únicas. "Desde muito nova, sempre adorei costura", confessa, enquanto dá os primeiros pontos em mais uma criação. Embora tenha encontrado satisfação em seu novo caminho, não descarta a possibilidade de regressar à arquitetura no futuro.
O aumento no número de instituições de ensino superior, de 53 em 2019 para 57 em 2024, não se reflete necessariamente na taxa de escolaridade, que permanece baixa em 8,19%. Apenas 8 em cada 100 moçambicanos da faixa etária apropriada estão inscritos no ensino superior.