Incêndios em Espanha ameaçam habitats essenciais do urso pardo
A Fundação Urso Pardo adverte sobre as consequências devastadoras dos incêndios, que comprometem o habitat e a alimentação deste animal em áreas críticas da Península Ibérica.

A recente onda de incêndios em Espanha está a causar estragos em "áreas críticas" para a sobrevivência do urso pardo, espécie que conta com aproximadamente 370 indivíduos na Península Ibérica, conforme alertou a ONG Fundação Urso Pardo.
"Além de colocar vidas e bens em perigo, esta catástrofe está a consumir territórios ricos em biodiversidade. Exemplo disso são as regiões montanhosas de Anllares del Sil e o Parque Natural da Montanha Palentina, áreas cruciais para o urso pardo que estão a ser devastadas", comentou a organização em post nas redes sociais.
A Fundação apelou a uma avaliação urgente sobre a desigualdade entre os investimentos públicos, salientando que enquanto os fundos para a extinção de incêndios são substanciais, os destinados à sua prevenção são "insuficientes".
Segundo um censo de 2023, cerca de 370 ursos pardos habitam o norte de Espanha, principalmente na cordilheira cantábrica, uma região que se estende por mais de 400 quilómetros entre a Galiza e o País Basco. Esta espécie enfrenta grandes dificuldades devido à natureza dos incêndios que a afetam.
Guillermo Palomero, presidente da fundação, enfatizou a necessidade de aumentar os investimentos em prevenção, para que a cordilheira se torne mais "resistente e resiliente" às chamas.
"Os investimentos em extinção são necessários, mas a prevenção necessita de uma atenção maior para equilibrar a balança", afirmou Palomero, em declarações à agência EFE.
Os incêndios recentes queimaram vastas áreas que servem de refúgio e alimentação para o urso pardo. Embora o impacto na população de ursos só possa ser avaliado após o fim dos incêndios, já se sabe que houve uma “perda significativa de habitat” que influenciará os seus movimentos.
A fundação acredita que os ursos têm uma boa capacidade de fuga e que, provavelmente, as mortes durante os incêndios serão mínimas.
Além dos ursos pardos, também existem populações nos Pirenéus, na fronteira entre Espanha e França, onde estão cerca de 70 exemplares, que foram reintroduzidos na década de 1990 após quase chegarem à extinção.
Desde há várias semanas, Espanha luta contra uma vaga de incêndios que já devastou quase 400 mil hectares, um recorde anual conforme os dados provisórios do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais (EFFIS).
A organização ambientalista SEO/Birdlife já havia anteriormente alertado que os incêndios também afetam áreas protegidas da Rede Natura 2000, lar de muitas espécies ameaçadas da Península Ibérica, incluindo o urso e o tetraz.