Corredor de Nacala: Potencial Estratégico para o Comércio Africano
O Presidente de Moçambique, Daniel Chapo, apela a investimentos para potenciar o Corredor Logístico de Nacala como motor do comércio regional entre Moçambique, Malaui e Zâmbia.

Durante a sua participação na 9.ª Conferência Internacional de Tóquio sobre o Desenvolvimento de África (TICAD 9), o Presidente moçambicano, Daniel Chapo, sublinhou a relevância do Corredor Logístico de Nacala, que interliga Moçambique, Malaui e Zâmbia. Este eixo, segundo Chapo, possui "um enorme potencial" para revitalizar o comércio e fomentar a agricultura sustentável, além de parques industriais.
"Estamos a retomar o Projeto de Estratégias de Desenvolvimento Económico do Corredor de Nacala, essencial para a dinâmica do comércio regional", afirmou o chefe de Estado. Durante o evento, solicitou investimentos do Japão para a rápida operacionalização de grandes projetos infraestruturais.
"Acreditamos firmemente que este corredor será fundamental para impulsionar as economias locais, ao melhorar a infraestrutura de transporte e facilitar o fluxo de bens e pessoas, bem como o acesso competitivo aos mercados globais", acrescentou Chapo.
Além disso, o Presidente apontou que o seu Governo está a dedicar esforços à exploração de recursos minerais e energéticos, especialmente no que respeita ao Gás Natural Liquefeito (LNG) da Área 1 da Bacia do Rovuma, em Cabo Delgado. Este projeto visa acelerar a industrialização de Moçambique e fortalecer a conectividade energética na região.
"A nossa visão é clara: queremos atrair capital financeiro e tecnologia para transformar estes sectores em pilares da industrialização sustentável na África Austral. Com isso, pretendemos acelerar a implementação do Segundo Plano Decenal da Agenda 2063 da União Africana e a Agenda 2030 das Nações Unidas", declarou.
Para Chapo, os investimentos do Japão são cruciais para o crescimento económico da região. O Presidente afirmou que Moçambique está a implementar reformas para garantir "parcerias robustas" com o Japão, destacando que um ambiente de negócios seguro e estável é fundamental.
"Estamos a criar um pacote legislativo que simplifica processos e melhora a competitividade do investimento privado", frisou.
O chefe de Estado expressou ainda a disponibilidade de Moçambique para colaborar com iniciativas do Japão que promovam a paz e a integração económica entre os países africanos do Oceano Índico, durante a abertura do Fórum Económico de Parceria entre o Japão e as Nações Africanas do Índico, que decorreu em paralelo à conferência.
O Corredor de Nacala, em funcionamento desde 2016, representa um investimento de 4,5 mil milhões de dólares, envolvendo a multinacional brasileira Vale, o conglomerado japonês Mitsui e a empresa pública moçambicana de caminhos-de-ferro, CFM.
Este empreendimento inclui um porto de águas profundas em Nacala, no norte de Moçambique, ligado a uma linha ferroviária de 912 quilómetros, cujo principal produto escoado é o carvão da província de Tete.
Em 2023, o ex-Presidente Filipe Nyusi inaugurou novas infraestruturas no Porto de Nacala, essencial para Malaui e Zâmbia, e assinou acordos com esses países para intensificar a utilização conjunta do Corredor Logístico de Nacala, que interliga as infraestruturas logísticas destas nações.