Imigração em Debate: Chega Desafia Governo e Aquece Discussão Social
José Pacheco Pereira analisou a nova lei da nacionalidade e a questão da imigração, destacando consequências do impacto político do Chega e as reações da Esquerda.

Na passada noite de domingo, no programa ‘Princípio da Incerteza’ da CNN Portugal, o comentador José Pacheco Pereira abordou a temática da imigração e manifestou a sua opinião sobre a recente proposta de alteração da Lei da Nacionalidade apresentada pelo Governo da Aliança Democrática (AD).
Pacheco Pereira argumentou que a imigração não era uma preocupação prioritária no programa do Governo até que a ascensão política do Chega a tornou premente. Esta transformação, segundo o comentador, apresenta uma dualidade: por um lado, a decisão do Governo em colocar a imigração no centro da agenda política foi considerada negativa, uma vez que o tema não deveria ter tal importância. Por outro, a situação serviu como um alerta para os partidos de Esquerda, destacando que ignoraram durante demasiado tempo um problema a exigir atenção, principalmente face à imigração em larga escala que impacta a sociedade portuguesa.
“Esta questão da imigração, especialmente na sua interacção com a realidade urbana e a diversidade social, suscita dificuldades de integração que a esquerda parece ter desconsiderado”, sublinhou o historiador. Além disso, Pacheco Pereira referiu que a Esquerda “paga um preço elevado” pela sua indiferença em relação aos tópicos da imigração e da segurança, provocando uma reacção desfavorável da apresentadora Alexandra Leitão, também presente no painel.
O comentador alertou que “vivemos num país onde a empatia para com o próximo é escassa, enfrentamos demónios sociais”. Pacheco Pereira concluiu que o Chega, apesar de ter posicionado a imigração de forma errada, também trouxe à tona questões legítimas que forçam o Governo a reconsiderar e a “modernizar” as suas abordagens.
Sobre as recentes alterações à Lei da Nacionalidade, Pacheco Pereira expressou que não vê problemas em elevar as exigências para a aquisição da nacionalidade, embora se mostre mais cauteloso quanto à possibilidade de perda das condições familiares associadas à cidadania e ao que considera ser a “hipocrisia” dos vistos Gold, que insinuam que a nacionalidade pode ser adquirida por quem tem capacidade financeira.
O Governo português anunciou recentemente uma série de modificações à Lei da Nacionalidade, que incluem a criação de uma Polícia de Fronteiras e a exigência de fluência em língua portuguesa, pretendendo consolidar uma “ligação significativa” ao país, ao mesmo tempo que mantém um “compromisso humanista”, conforme afirmou o ministro da Presidência, António Leitão Amaro.