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Guiné-Bissau clama por reforma na arquitetura financeira internacional

O Presidente Umaro Sissoco Umbaló destaca a necessidade urgente de mobilização de recursos para o desenvolvimento da Guiné-Bissau, apelando por soluções mais adequadas à realidade dos países em desenvolvimento.

30/06/2025 19:26
Guiné-Bissau clama por reforma na arquitetura financeira internacional

Na IV Conferência Internacional sobre Financiamento ao Desenvolvimento da ONU, que teve início esta semana em Sevilha, o Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Umbaló, defendeu a importância de "mobilizar recursos significativos" para que países como o seu possam atingir os objetivos de desenvolvimento sustentável. Umbaló afirmou que as atuais capacidades de financiamento, seja por via de receitas internas ou ajuda externa, são insuficientes para abranger as necessidades reais dos países em desenvolvimento.

O líder guineense expressou a sua preocupação em relação ao fato de que "os compromissos e objetivos assumidos" em conferências anteriores ainda não foram cumpridos na íntegra. Para ele, é vital reavaliar a abordagem atual e explorar novos mecanismos de financiamento que sejam mais adequados às circunstâncias específicas destas nações.

Além disso, o Presidente destacou o impacto negativo da dívida externa sobre os esforços para investir em desenvolvimento sustentável, apelando por uma maior flexibilidade e por uma abordagem mais equilibrada do sistema financeiro internacional.

"A Guiné-Bissau defende uma reforma abrangente da arquitetura financeira global, de modo a torná-la mais justa e acessível para os países mais vulneráveis," afirmou Umbaló, que chamou a atenção para a urgência de se obter "resultados positivos" durante esta conferência.

Na celebração dos 80 anos da ONU, ele assinalou que o mundo carece urgentemente de uma "paz global e duradoura", bem como de um multilateralismo e cooperação internacional mais robustos.

Durante a conferência, mais de 60 líderes mundiais discutem a cooperação internacional e o financiamento para o desenvolvimento, tema que foi abordado pela última vez há uma década na Etiópia, em 2015.

Os resultados da conferência incluem a adoção do "Compromisso de Sevilha", um documento que define metas para a próxima década em matéria de cooperação e financiamento ao desenvolvimento, numa altura em que se estima que exista um défice de quatro biliões de dólares anuais.

Com 68 páginas, o documento evidencia a necessidade de renovar as estratégias de financiamento global, em um contexto de "tensões geopolíticas e conflitos" que estão a comprometer o progresso dos objetivos da Agenda 2030.

De acordo com a ONU, o défice atual na ajuda ao desenvolvimento é agora 1.500 mil milhões superior ao valor há dez anos, e a ajuda oficial caiu pela primeira vez em seis anos, com um possível recuo de 20% previsto para 2025.

No "Compromisso de Sevilha", a comunidade internacional compromete-se a criar novos mecanismos para a mobilização de ajuda ao desenvolvimento, reforçando a importância de lidar com a gestão das dívidas soberanas dos países vulneráveis, que são um dos principais obstáculos ao desenvolvimento sustentável. O documento conclui que apenas o fortalecimento do multilateralismo poderá responder à urgente necessidade de erradicação da pobreza e a enfrentar os desafios das alterações climáticas.

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