A CGTP responsabiliza o Governo pela crise no setor ferroviário, enquanto a greve da CP sem serviços mínimos revela uma escalada nas tensões laborais.
A Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP) manifestou-se hoje afirmando que a atual situação no setor ferroviário é da plena responsabilidade do Governo. Esta declaração surge numa fase crítica em que a greve dos trabalhadores da CP - Comboios de Portugal - provoca uma onda de reações políticas e chamadas à ação do executivo para que a paralisação seja cancelada.
O essencial do conflito está relacionado com o incumprimento de um acordo estabelecido entre a CP e os sindicatos, o qual o Governo optou por não implementar. Este acordo, além de contemplar a valorização dos salários e das carreiras, visa fomentar a retenção e o recrutamento de funcionários na empresa, a fim de assegurar que a CP conta com o número de trabalhadores necessário para a operação eficaz do serviço ferroviário, um problema estrutural que persiste há anos e exige uma solução imediata, defende a CGTP em comunicado.
As perturbações na circulação de comboios terão início hoje e estender-se-ão até 14 de maio, devido às greves organizadas por vários sindicatos de trabalhadores da CP, que, segundo a decisão do Tribunal Arbitral, não terão serviços mínimos. A greve anterior, no dia 28 de abril, foi marcada por uma adesão total, segundo as informações do sindicato.
A CGTP sublinha que os sindicatos envolvidos na greve sempre se mostraram disponíveis para encontrar uma solução para o conflito, ressaltando que o Governo, apesar de estar em gestão, não hesitou em realizar inaugurações e anunciar investimentos. “Está claro que o Governo pretende utilizar a situação que ele mesmo criou como uma oportunidade para atacar os direitos dos trabalhadores, especialmente o direito à greve”, critica a CGTP, pedindo uma resolução rápida da situação.
Por outro lado, o Governo manifestou-se na terça-feira para que os sindicatos da CP desistam da greve, considerando-a “desprovida de objetivos”. O ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, mencionou que foi apresentada uma proposta de aumentos salariais que ascende a 5,75 milhões de euros, mas que não recebeu qualquer resposta.
“Houve total boa-fé por parte do Governo, mas até ao momento não houve abertura dos sindicatos para dialogar”, lamentou o ministro em conferência de imprensa, realizada em Lisboa.