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Governo de Macau marginaliza imprensa online e mensal após detenções

há 4 horas

Depois da detenção de jornalistas, a imprensa online e mensal é excluída de um evento público. A Associação de Jornalistas critica a situação e o silêncio de Portugal perante os eventos.

Governo de Macau marginaliza imprensa online e mensal após detenções

O Governo de Macau tomou a decisão, hoje, de excluir a imprensa 'online' e mensal de um evento oficial, apenas duas semanas após a detenção de duas jornalistas do site All About Macau, que também possui uma versão impressa mensal.

As autoridades de Macau firmaram um acordo com representantes de França para um programa de investigação científica, mas, segundo uma nota do Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia (FDCT), somente repórteres de jornais diários, semanais, estações de TV, emissoras de rádio e agências de notícias foram considerados para entrevistas.

Após a cerimónia, que contou com a presença do secretário para a Economia e Finanças, Anton Tai Kin Ip, os jornalistas que assistiram ao evento não tiveram oportunidade de questionar os oradores.

A Lusa contactou o FDCT e o gabinete de comunicação do Governo de Macau para esclarecer os motivos por detrás da exclusão dos media online e mensais, mas não obteve resposta até ao momento.

No dia 17 de abril, as jornalistas do All About Macau foram detidas enquanto tentavam assistir a uma apresentação de um programa político na Assembleia Legislativa. A Assembleia indicou posteriormente que permitiu que alguns jornalistas assistissem à transmissão em direto numa sala alternativa, devido à "grande afluência" de profissionais de imprensa.

No entanto, o jornal All About Macau prontamente contestou essa justificativa, afirmando que, na realidade, ainda havia lugares disponíveis na sala principal. Além disso, o jornal acusou a Assembleia de impedir os jornalistas de desempenharem o seu trabalho regular com justificações infundadas.

A Associação de Jornalistas de Macau (AJM) expressou a sua profunda tristeza pela detenção das repórteres, incluindo a sua presidente, Ian Sio Tou, e já tinha alertado previamente para o aumento de situações em que eventos oficiais ocorrem sem a devida cobertura mediática, evidenciando práticas discriminatórias.

José Miguel Encarnação, presidente da Associação de Imprensa em Português e Inglês de Macau (AIPIM), comentou que este incidente pode criar um precedente preocupante e pediu ao Ministério Público que avalie a situação com cautela.

A Sociedade de Jornalistas e Profissionais da Comunicação Europeus na Ásia (JOCPA) criticou o silêncio de Portugal, que, segundo o seu presidente, Josep Solano, deveria ter manifestado preocupação face ao tratamento das jornalistas, considerando o histórico vínculo cultural entre o país e Macau.

Macau, que sob o domínio português por mais de 400 anos foi entregue à administração chinesa em 1999, deveria, segundo o acordo existente, preservar os direitos e liberdades fundamentais, incluindo a liberdade de imprensa, por um período de 50 anos.

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#LiberdadeDeImprensa #Macau #DireitosHumanos