CPLP Endossa a Candidatura do Campo do Tarrafal a Património Cultural da Humanidade

A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) conferiu o seu apoio à candidatura do Campo de Concentração do Tarrafal, localizado na ilha de Santiago, Cabo Verde, para ser reconhecido como Património da Humanidade. Esta declaração foi efectuada durante uma reunião que se concluiu na quarta-feira em São Tomé e Príncipe.

Na declaração final, citada pelo Ministério da Cultura de Cabo Verde, a CPLP sublinhou a importância de valorizar a memória de resistência dos povos que lutaram contra a "ditadura, a opressão e o aniquilamento das liberdades", destacando o Campo do Tarrafal como um marco significativo nesse contexto.

O ministro da Cultura e das Indústrias Criativas de Cabo Verde, Augusto Veiga, classificou o apoio da CPLP como essencial para avançar nos preparativos da candidatura, que será submetida pela primeira vez em conjunto com Angola, Guiné-Bissau e Portugal, com a entrega do dossier prevista para fevereiro de 2026 à UNESCO. Esta data foi reforçada por uma nota oficial do ministério.

Recorde-se que, há um ano, líderes de Portugal, Cabo Verde e Guiné-Bissau, acompanhados pelo ministro da Defesa de Angola, inauguraram uma placa comemorativa dos 50 anos da libertação do Campo do Tarrafal.

Entre 1936 e 1956, 36 prisioneiros morreram no campo, a maioria deles portugueses opostos ao regime fascista. A estrutura reabriu em 1962 sob a designação de Campo de Trabalho de Chão Bom, sendo utilizada para detenção de anticolonialistas angolanos, guineenses e cabo-verdianos, onde também ocorreram mortes.

A libertação dos prisioneiros políticos aconteceu pouco tempo após a Revolução dos Cravos, que derrubou o Estado Novo em Portugal, em 25 de abril de 1974.

Finalmente, a declaração dos ministros da Cultura da CPLP inclui 25 compromissos, entre os quais se destaca um que promove a restituição de bens culturais. Os governantes comprometem-se a "desenvolver sinergias entre os estados membros para estabelecer estratégias e fomentar um diálogo inclusivo sobre a devolução de bens culturais, respeitando os princípios das convenções internacionais a esse respeito".