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Ex-ministro da Saúde defende uma colaboração entre os principais partidos

há 4 horas

Adalberto Campos Fernandes enfatiza a importância de um "entendimento estratégico" na área da Saúde, pedindo uma maior responsabilidade e consensos alargados no parlamento.

Ex-ministro da Saúde defende uma colaboração entre os principais partidos

O antigo ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, solicitou hoje um "entendimento estratégico" entre os dois maiores partidos portugueses, o Partido Socialista e a Aliança Democrática, com o intuito de transformar a saúde numa questão de regime, afastando-a de rivalidades setoriais.

Em declarações à Lusa, à margem do evento Health Re:Design Summit na Universidade NOVA de Lisboa, o especialista sublinhou que essa colaboração seria muito mais eficaz do que fazer da saúde uma "questão de trincheira".

“Olhando para a recente discussão sobre a taxa de mortalidade infantil, precisamos de pensar no futuro”, afirmou, referindo que em 2018 a taxa foi de 3,3, enquanto para 2024 se prevê uma taxa de 3,0, que foi revelada na segunda-feira.

O ex-governante, que liderou a Saúde entre 2015 e 2018, alertou para a urgência de "mais estratégia e menos achismo", já que a despesa em saúde parece estar "descontrolada".

"No meu tempo, tanto Paulo Macedo quanto eu gerimos 9.000 milhões de euros para o SNS, enquanto o orçamento de 2025 supera os 16.000 milhões de euros", disse. Reconhecendo o impacto da pandemia e a necessidade de ajustar as remunerações dos profissionais de saúde, Fernandes criticou a forma como os recursos estão a ser alocados.

Adalberto Campos Fernandes apontou que essa situação oferece suporte àqueles que argumentam que o SNS não é viável e, por conseguinte, deve ser privatizado. “Causa a impressão de que o setor público não consegue valorizar o investimento que os cidadãos fazem por meio dos seus impostos”, acrescentou.

Sobre a crescente despesa em medicamentos, que aumentou 15% nos primeiros dez meses de 2024, resultando em 1.937,4 milhões de euros, ele defendeu uma abordagem mais negociada com a indústria farmacêutica para evitar que o acesso aos bons medicamentos seja comprometido.

“Não podemos restringir o acesso à inovação terapêutica, mas devemos ter uma relação de exigência com os fornecedores”, disse, citando o exemplo de medidas propostas nos Estados Unidos para reduzir drasticamente o preço dos medicamentos. “A indústria farmacêutica deve colaborar de maneira construtiva com os governos, promovendo um diálogo forte e um regulador eficaz”, afirmou.

Além disso, Campos Fernandes mostrou preocupação quanto à sustentabilidade do SNS, especialmente se a economia desacelerar, sugerindo que integrar a figura de um diretor executivo do SNS na Administração Central dos Sistemas de Saúde poderia ser uma solução, ao invés de criar estruturas desnecessárias.

“Precisamos de buscar soluções que valorizem o nosso sistema, que, apesar das fraquezas, continua a produzir resultados significativos”, concluiu.

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#SaúdeSustentável #EntendimentoPolítico #InvestimentoSaúde