O Conselho Deontológico do SJ avalia que a entrevista de José Rodrigues dos Santos ao PCP, embora sem irregularidades, não aprofundou os temas relevantes para o eleitorado.
O Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas recebeu cinco queixas relativas à entrevista transmitida a 24 de março, em que o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, foi questionado por José Rodrigues dos Santos, durante o período pré-campanha eleitoral.
Em comunicado, o CD defende que o principal objetivo das entrevistas com líderes partidários é esclarecer o eleitorado, permitindo uma abordagem abrangente de temas – quer de política nacional, quer internacional. No caso em apreço, o fato de ter sido centrada num único tema foi considerado insuficiente para atingir esse fim.
Entre os pontos levantados, destaca-se o recurso reiterado de Paulo Raimundo ao termo “Não”, interpretado pelo Conselho como uma “muleta” de linguagem, o que, embora não constitua uma infração deontológica, contribuiu para um resultado final aquém das expectativas em termos de esclarecimento.
O CD ainda salientou a decisão editorial da RTP de entrevistar apenas os líderes dos partidos com assento parlamentar, convidando a emissora a repensar a sua abordagem, sobretudo quando os momentos pré-eleitorais podem ser úteis para dar voz a partidos com menor representação. Também questionou a alocação do tempo de duração das entrevistas na série “Legislativas 2025”, pautada pelo número de deputados eleitos na XVI Legislatura, o que poderá limitar o esclarecimento do público.
Em tempos de eleições, o órgão recorda a importância de entrevistas e debates mais aprofundados para promover uma literacia eleitoral adequada e incentivar a participação cívica. A recomendação estende-se a todos os meios de comunicação, tendo em conta as responsabilidades acrescidas dos serviços públicos.