O cardeal de Setúbal partilha o seu nervosismo e a responsabilidade na escolha do sucessor de Francisco, lembrando-nos que o Espírito Santo é a chave de uma fé que se renova.
Nomeado por Francisco, o cardeal Américo Aguiar tem estado intensamente presente nas reuniões preparatórias para o conclave, onde se reúne com colegas de várias partes do mundo. Nesta atmosfera de encontros e decisões, o cardeal revela um sentimento misto de alívio por manter-se relativamente “anónimo” e de apreensão face à responsabilidade que se avizinha.
Durante estes dias em Roma, enquanto participa em momentos de oração e conversa com os peregrinos, Américo procura captar a essência das experiências humanas – "o cheiro da humanidade", como ele próprio descreve – que o ajudam a compreender melhor as expectativas dos fiéis. Para ele, cada voz e cada história contribuem para o entendimento do que o futuro da Igreja poderá ser.
O cardeal admite que, à medida que se aproxima a data do conclave, aumenta também o sentimento de pequenez e receio, não pela falsa humildade, mas pelo "peso" intrínseco à escolha do novo líder da Igreja. Destaca ainda a importância de se estabelecer uma ligação intuitiva – uma espécie de “wi-fi” espiritual –, cuja palavra-chave espera ser facilmente identificada pelos cardeais, permitindo que a inspiração divina guie a decisão final.
Ao mesmo tempo, mantém a reserva quanto aos detalhes das congregações, enfatizando que a verdadeira escolha dependerá de uma percepção que ultrapasse as experiências geracionais e abrace uma visão global e geopolítica. Mesmo em tempo de luto e na transformação da tristeza em saudade, o legado do Papa Francisco deixa uma marca indelével na esperança e na fé dos que esperam pelo futuro da Igreja.