Efeitos das Tarifas Americanas Podem Atingir a Economia Europeia
Com o anúncio de tarifas de 30% sobre a UE, analistas preveem um impacto no crescimento do PIB europeu que pode oscilar entre 0,3% a 1,2%.

O anúncio do Presidente dos EUA sobre a imposição de tarifas de 30% sobre produtos da União Europeia, a vigorar a partir de 1 de agosto, levanta preocupações significativas acerca do impacto na economia europeia. De acordo com análises da Xtb, as repercussões no PIB da UE são consideradas "significativas, mas não catastróficas", com previsões que variam entre 0,3% e 1,2%, dependendo do cenário potencial.
A Bloomberg Economics calcula que tarifas de 10% poderiam reduzir o PIB da Zona Euro em aproximadamente 0,3%, e a aplicação de tarifas de 30% poderia duplicar esse efeito. Por outro lado, economistas da Goldman Sachs preveem uma queda acumulada de 1,2% no PIB da Zona Euro até ao final de 2026, caso as tarifas sejam mantidas a longo prazo.
As economias mais vulneráveis a estas tarifas incluem a Alemanha, onde os EUA representam 10% das exportações, bem como a Irlanda, que direciona mais de 53,7% das suas exportações de mercadorias para o mercado americano.
A Oxford Economics alega que, num horizonte de dois anos, as tarifas de 30% poderão resultar numa redução de 0,3 pontos percentuais no crescimento anual da Zona Euro, empurrando a economia para uma situação de estagnação e à beira da recessão.
No entanto, muitos analistas não planeiam rever as suas previsões imediatas, interpretando o anúncio como uma manobra de negociação. Ángel Talavera, diretor de Macroeconomia Europeia, sublinha que "o risco de tarifas superiores a 10% aumentou consideravelmente".
A reação nos mercados financeiros indica que os investidores enxergam esta ação como parte de uma estratégia de negociação por parte da administração Trump. A Xtb também ressalta que a UE está a preparar medidas de retaliação, com Bruxelas já a desenvolver uma lista de produtos americanos que, em conjunto, totalizaria cerca de 93 bilhões de euros em ações punitivas.
Um eventual retorno moderado de retaliação poderia tornar o impacto das tarifas de 30% desinflacionário para a Europa, especialmente na hipótese de valorização do euro em relação ao dólar, que tem sido uma tendência observável este ano.
Thomas Hempell, da Generali AM, acredita que a possibilidade de um acordo provisório para minimizar o impacto nos mercados é forte, embora o risco continue alto para países emergentes com superávit comercial. A expectativa é que a UE busque soluções para evitar repercussões severas em meio ao cenário de estagflação nos EUA, com a conclusão mais provável sendo arranjos temporários que resultem em um modesto impacto nos mercados.