No último debate da campanha eleitoral, imigração, habitação e saúde foram temas de acesa discórdia entre partidos, com críticas dirigidas principalmente ao Governo e ao PS.
No recente debate televisivo da RTP inserido na campanha para as legislativas, os partidos representados na Assembleia da República protagonizaram um intenso confronto sobre imigração, habitação e saúde. As acusações de eleitoralismo dominaram a discussão à volta da imigração, com o governo a anunciar a notificação de 4.500 imigrantes para abandonarem o país, um total de 18 mil, que gerou uma rápida reação de Luís Montenegro, o líder do PSD. Montenegro justificou a medida como um passo necessário para regulamentar a situação dos imigrantes e garantir a sua dignidade.
André Ventura, presidente do Chega, aproveitou a oportunidade para responsabilizar Pedro Nuno Santos, secretário-geral do PS, enquanto Rui Rocha, do partido Livre, reforçou as críticas à extinção do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras. O líder socialista procurou separar as responsabilidades administrativas da AIMA da fiscalização da PSP, enquanto a esquerda, representada pelo Bloco de Esquerda e pelo PAN, ressaltou a contribuição dos imigrantes para as pensões e a Segurança Social em milhões de euros.
Paulo Raimundo, da CDU, apelou à união de esforços para que os emigrantes regressem ao país, enquanto o porta-voz do Livre, Rui Tavares, exigiu um pedido de desculpas a Ventura por associar pessoas com antecedentes criminais aos bancos de deputados.
Em relação à habitação, o debate focou-se na figura do antigo ministro Pedro Nuno Santos. Este defendeu que foi o único a estimular a construção pública, apesar de reconhecer a crise existente, ao passo que Luís Montenegro admitiu a insuficiência dos esforços do governo na área da habitação, especialmente em relação ao programa Porta 65.
Paulo Raimundo insistiu que os lucros dos bancos deveriam ser utilizados para enfrentar a crise habitacional, enquanto Rui Tavares e Mariana Mortágua reivindicaram um aumento da habitação pública e tetos às rendas.
André Ventura não hesitou em apontar a responsabilidade da esquerda na agravamento da crise habitacional durante o governo da "geringonça."
No domínio da saúde, o debate manteve o tom agressivo, com críticas dirigidas aos sucessivos governos do PS e à AD. Rui Rocha e André Ventura destacaram a falência do sistema, enquanto Mariana Mortágua solicitou um investimento público que beneficie todos, evitando a dependência do setor privado.
Montenegro, em defesa do seu governo, elencou as melhorias feitas desde que o PSD/CDS assumiu o poder, sendo contestado por Pedro Nuno Santos, que propôs um foco maior nas comunidades e maior autonomia para gestores públicos. Por seu lado, Rui Tavares insistiu em reforçar o programa Regressar Saúde e aumentar o apoio às unidades de saúde familiar, enquanto Paulo Raimundo mencionou a falta de profissionais como o principal obstáculo do SNS, destacando ainda a proposta do PAN de redirecionar fundos da tauromaquia para a saúde animal.