Crise global redireciona Portugal rumo ao Brasil e Mercosul

António Montenegro Fiúza, presidente da Câmara Portuguesa de Comércio e Indústria do Rio de Janeiro, alertou para a instabilidade atual do sistema internacional, enfatizando que a "guerra comercial" obriga Portugal a repensar a sua estratégia empresarial face às incertezas.

Com a imposição extra de 10% de direitos aduaneiros aos produtos europeus pelos Estados Unidos – com ameaças de elevação para 20% – e tarifas de 25% sobre aço, alumínio e automóveis, o cenário global vem a alterar as dinâmicas de comércio. O presidente norte-americano, Donald Trump, criticou os parceiros comerciais, acusando-os de práticas desleais.

No contexto desta conjuntura, Montenegro Fiúza defende que Portugal deve olhar para o Brasil e o Mercosul não só como um porto seguro, mas como uma aposta estratégica para o futuro. Segundo ele, a ratificação do acordo UE-Mercosul representa uma urgência, abrindo portas para novos mercados e respondendo a um potencial económico significativo.

O dirigente salientou ainda que Portugal deve desempenhar um papel activo na União Europeia para superar os desafios – ambientais, políticos e ideológicos – que ainda se impõem à ratificação deste acordo. Reforçou que o país, com as suas relações históricas e canais de confiança, pode ser um verdadeiro facilitador deste entendimento.

A Comissão Europeia prometeu apresentar, até ao final do verão, uma proposta sobre o acordo ao Parlamento e ao Conselho Europeu, tendo em conta as preocupações das 27 capitais. As negociações, concluídas em dezembro entre Ursula von der Leyen e os líderes dos países do Mercosul, continuam a ser alvo de debates intensos, marcados pelo apoio de nações como Portugal e Espanha, e pela oposição de França e Irlanda.