Dados do Eurostat revelam que, no último ano, 59.600 mulheres trabalharam nas TIC em Portugal, marcando um aumento expressivo perante os números de 2023, num setor ainda dominado por homens.
O Dia Internacional das Jovens Mulheres nas Tecnologias da Informação e Comunicação, celebrado a partir de 8 de abril de 2011, continua a impulsionar o debate sobre a igualdade e a inclusão no setor. Em Portugal, os números do último ano apontam para a participação de 59.600 mulheres nas TIC, representando 22,7% do total, conforme informado pelo Eurostat.
Em contrapartida, o setor conta com 202.500 homens em 2024, ou 77,3% do total, enquanto que, em 2023, as mulheres eram 46.300 e os homens 183.300, ou 20,2% e 79,8%, respetivamente. Estes dados evidenciam um crescimento importante na presença feminina, mas também assinalam desafios, nomeadamente no que toca à igualdade salarial.
Raquel Yam, diretora executiva do CMU Portugal Academy, sublinhou a importância do acesso equitativo à formação em todas as áreas. Iniciativas de formação digital, que até à sua criação em 2024 acolheram mais de 250 candidaturas – com 60% das vagas ocupadas por mulheres –, demonstram esforços no sentido de reduzir barreiras históricas.
O eurodeputado Paulo Nascimento Cabral, membro suplente da Comissão dos Direitos das Mulheres e da Igualdade dos Géneros, salientou que o aumento do número de jovens mulheres graduadas nas TIC é encorajador, embora a disparidade salarial persista, com as mulheres a ganharem cerca de 20% menos que os homens. Segundo o Meusalário.pt, os salários técnicos situam-se entre 1.141 e 3.360 euros mensais.
A coordenadora de projetos da Associação Portuguesa para a Diversidade e Inclusão, Mónica Canário, realça que a maior visibilidade das mulheres na tecnologia resulta, simultaneamente, numa mudança cultural nas empresas e num esforço conjunto entre os setores público, privado e educativo. Segundo ela, é fundamental combater estereótipos e promover ambientes de trabalho verdadeiramente inclusivos para transformar as TIC num setor mais equitativo.
Em contexto europeu, a Alemanha lidera com 436.200 mulheres a trabalhar nas TIC, seguida de perto pela França, com 269.900, e pela Espanha, com 200.100, de acordo com o Eurostat.